É uma das mais populares sagas da história do cinema que marcou gerações e reinventou um dos mais populares subgéneros do terror. Em 1978, John Carpenter deu a conhecer ao mundo – a alguns apenas mais tarde, mas já lá vamos – Michael Myers, um dos maiores vilões da sétima arte e desde aí o mundo nunca mais perdeu o seu fascínio pela personagem. Têm dúvidas acerca da mortalidade de Michael? É ele humano? Não morreu já antes? Ao longo deste nosso especial terão oportunidade de retirar as vossas dúvidas sobre The Shape (o nome pelo qual Myers era mais conhecido no guião do filme original). Mas não só. Outras personagens principais da saga serão aqui analisadas, bem como as várias confusas cronologias da saga.
Como tudo começou
John Carpenter vinha de Assault on Precinct 13, um filme elogiado pela crítica, mas que tinha passado ao lado do público norte-americano, como demonstra a bilheteira aquando da sua estreia. Surpreendentemente, o filme pegou no Reino Unido, onde foi um enorme sucesso, tendo despertado a atenção de produtores cinematográficos. Curiosamente, não foi em Londres, mas sim em Milão que o produtor Irwin Yablans e o financiador Moustapha Akkad o viram, tendo-lhes chamado a atenção o potencial de Carpenter. Sem saberem ainda onde o seu potencial poderia ser aproveitado, contataram-no para dar conta de que queriam produzir um filme sobre um assassino de babysitters e queriam que Carpenter fosse o realizador. Inicialmente, o que viria a ser um dos conceituados realizadores da história, nem teria ficado muito entusiasmado com a ideia de realizar um filme de terror, mas começou a ganhar interesse quando perceber que iria ter liberdade para criar a sua história e ir por caminhos pouco explorados no género.

Pouco tempo depois, em conjunto com Debra Hill – que viria a ser sua companheira durante alguns anos – Carpenter começou a escrever o guião do filme que, inicialmente, se chamava The Babysitter Murders. Yablans não gostou do nome e sugeriu Halloween, sugerindo também que a história se passasse na noite celebrada anualmente em todo o mundo (e que escolha certeira!). Carpenter acabou por ceder, sob a condição de que nos créditos iniciais o filme fosse anunciado como John Carpenter’s Halloween, um pedido pouco usual pois Carpenter ainda não era então um conceituado realizador. A história do primeiro Halloween é toda ela fascinante, envolvendo um baixo orçamento, um guião escrito em tempo recorde – 10 dias! -, pessoas com pouca experiência a multiplicarem as suas funções na rodagem do filme e uma equipa bastante jovem. Não faltam curiosidades – como o facto das abóboras terem acabado durante as suas filmagens! – e momentos cómicos e, não vos querendo encher de informação, sugiro o episódio “Halloween” da série da Netflix “The Movies That Made Us”, que mostra todo o processo de criação e de bastidores na rodagem do que viria a ser um inesperado sucesso global.
Para o elenco, a equipa conseguiu trazer Donald Pleasance, um veterano ator de Hollywood, com provas dadas e que levou o maior salário para casa, tendo sido pago $20.000 à cabeça. Pleasance viveu o famoso Dr. Loomis, enquanto que a estrela principal, Laura Strodie viria a ser interpretada pela novata no cinema, Jamie Lee Curtis, filha da conceituada Janet Leigh. E quanto ao nosso vilão? Bem, a máscara foi usada por diferentes pessoas, mas na maioria do tempo quem vemos é Nick Castle, um amigo de Carpenter que casualmente decidiu visitar as filmagens do filme tendo sido convidado por Carpenter para colocar a máscara! 21 dias chegaram para gravar todo um filme que iria mudar para sempre o cinema.
Halloween estreou, pela primeira vez, a 25 de Outubro de 1978 com um lançamento limitado em Kansas City, no Missouri. O sucesso que o filme fez nesse lançamento limitado bem como o crescente interesse no mesmo gerou um “passa-a-palavra” tão forte que quando a sua distribuição se alargou a outros pontos do país, a expetativa já era muita pelos fãs do cinema de terror. Com um orçamento de cerca de $300.000, o filme viria a alcançar mais de $70.000.000 na sua bilheteira global, significando um grande sucesso de bilheteira e o começo de uma franquia de sucesso. As reações da audiência numa das sessões de estreia são épicas!
Os filmes (ou como eu os vejo)
Halloween (1978): Com tão pouco, tanto se fez. Visto aos olhos de hoje, talvez seja difícil percebermos o quão impactante e o quão avançado para a época o foi. Hoje já todos conhecemos os maiores clichés do género, sabemos quando um susto está para chegar, sabemos quem é Michael Myers. Halloween ajudou a criar os estereótipos com uma aura misteriosa ao redor da “forma”. Os efeitos poderão estar datados, o diálogo pode ser minimalista e algumas atuações bem duvidosas, mas é um filme assustador e bastante tenso, inteligente na forma como utiliza o poder da sugestão, com algumas das cenas mais marcantes da história (quem não se recorda da cena do lençol?!).
Além de ter trazido pela primeira vez as três personagens mais importantes da saga e três das mais importantes da história do cinema, criou também referências intemporais para o género, suportado por uma banda sonora simples, mas incrivelmente eficaz que perdura nos tempos. O tema principal – ele próprio composto por John Carpenter, o realizador! – é um dos mais emblemáticos da história (com um riff em repetição simples, mas assustadoramente), sendo facilmente identificável com Halloween. Carpenter quis dar a Myers uma áurea única não explicando se este possuía ou não algo sobrenatural e certamente que o final deste filme deixa todos com dúvidas nas suas cabeças! 4.5/5
Halloween II (1981): É tudo aquilo que uma sequela deve ser. Pega nos acontecimentos do filme original e continua a ação nessa mesma noite, mostrando Michael nas ruas de Haddonfield até conseguir chegar ao hospital onde Laurie está internada, ferida depois do duelo com o serial-killer. É aqui que nos apercebemos que Michael tem um interesse especial na jovem e, pouco depois, descobrimos que estes são irmãos de sangue.
O filme tem uma abordagem mais violenta que a do filme original – há uma cena nojenta e deliciosa numa sala do hospital – mas também bem mais descomplexada, criando alguns momentos cómicos e totalmente fora do normal, como quando alguém na rua – curiosamente, sem que muitos se apercebam, o interesse de Laurie no filme original! – é confundido com Michael Myers, originando uma cena totalmente rocambolesca que acaba tragicamente. É bastante atmosférico aquando no hospital e permite-nos ver mais a fundo o obcecado Loomis que de tudo é capaz para travar o mal. 4.5/5
Halloween III: Season of the Witch (1982): Depois de sido trucidado pela crítica e público aquando da sua estreia, tem ganho nos últimos anos um estatuto de culto nas redes sociais. Arrisca ao retirar Michael Myers da franquia, trazendo uma história original, com direito a conspirações, cultos e mensagens sociais.
As atuações atingem aqui um dos pontos mais baixos da saga e o filme não parece perceber bem o que quer ser, roçando a patetice primária com um elevado grau de previsibilidade na forma como põe em prática o fraco guião. Apesar do recente estatuto de culto e de choverem artigos a defenderem a obra, não serei eu que irei colocar as mãos no fogo e dizer que é um bom filme. É um dos pontos mais baixos da saga e nem tem a ver com a ausência de Michael (o que também foi um erro estratégico, embora fizesse mesmo parte do plano original de Carpenter e Hill que queriam que Halloween fosse uma antologia de filmes passados na noite de Halloween). 1.5/5
Halloween 4: The Return of Michael Myers (1988): O título diz tudo: o objetivo aqui era apenas trazer Michael Myers de volta e esquecer o terceiro capítulo que saíra seis anos antes e que parecera ter afundado a saga. Não é tão tenso, nem tem a alma dos dois primeiros filmes e apresenta um conjunto de estúpidas decisões por parte de algumas personagens.
No entanto, é um alívio depois da saga ter descarrilado e o facto de ser o primeiro a colocar o nome da personagem principal no título diz tudo em relação ao que vem. Michael Myers miraculosamente sobreviveu e continua a matar sem mostrar remorsos, voltando a ir atrás da sua família sobrevivente: neste caso, a sobrinha Jamie Lloyd. Myers regressa às suas perseguições nas ruas, regressa às suas matanças sem fim e quem também regressa é o Dr. Loomis, que parece mais louco do que nunca! É o início de uma trilogia que culmina no sexto filme da saga. 3/5
Halloween 5: The Revenge of Michael Myers (1989): Este é o “meu Halloween III”. Ou seja, um filme odiado por muitos, mas que tem um lugar especial na minha lista, apesar de ter sido o maior fracasso de bilheteira da saga. Este é o filme da saga que mais se aproxima de Friday, the 13th na forma como utiliza os adolescentes e as suas estúpidas decisões para serem presas apetecíveis para Myers, o que até nos pode fazer torcer pelo assassino.
Tenta fazer várias coisas diferentes e fora do comum e talvez seja por isso que continuo a gostar do mesmo, apesar de reconhecer que, por vezes, cai na patetice (o que são aqueles dois polícias no carro?!). Eu tinha dito que Loomis estava mais maluco do que nunca no capítulo anterior, mas isso foi antes de aqui chegarmos! Neste número 5, ele passa o filme a berrar na cara de uma criança que possui uma estranha conexão paranormal com Michael Myers, ameaçando feri-la e colocando-a em risco! O filme é, por vezes, tão extra que isso o torna num dos meus favoritos de rever e, embora não tenha a qualidade dos melhores da saga, tenho-o em muito boa conta devido ao quanto me faz rir e divertir. Ah…já vos disse que aqui aparece pela primeira vez o “homem de negro”?! 3.5/5
Halloween 6: The Curse of Michael Myers (1995): Depois do capítulo 5 ter sido mal recebido, esperaram-se seis anos até à chegada do fecho desta segunda trilogia. Wait, aquele é o Paul Rudd? É mesmo! Aquele que viria a ser conhecido como o Ant-Man teve um dos seus primeiros projetos nesta sequela da saga de Michael Myers. Mas o nível aqui é tão baixo que nem ele se safa.
Afinal, Michael Myers é protegido por uma seita religiosa (!) com ligações a poderes do oculto e a um estranho enquadramento das estrelas, o que explica a sua “pura maldade”. Se isto já é mau, esperem para ver como este filme se desenvolve. A sobrinha de Michael escapou e há por aí um rebento que nasceu…e que Myers também parece querer matar. Cheira a filme feito diretamente para televisão – ou para uma daquelas cassetes VHS que sempre se esqueciam de puxar para trás nos videoclubes – e o único ponto positivo é que nem ele se tenta levar a sério. 1.5/5
Halloween H20: 20 Years Later (1998): A primeira grande tentativa de modernizar a saga e trazê-la a um novo público vai para os cinemas quase no final da década de 90 e vocês sabem o que isso significa! Scream tinha estreado dois anos antes com estrondo e tinha dado o mote para uma sucessão de filmes de adolescentes que procuravam replicar a sua fórmula e estrutura. Claro que Halloween não tem o efeito Whodunit, uma vez que sabemos desde o início quem é aqui o assassino, mas isso não impede que não possamos utilizar adolescentes na escola, a fazerem coisas de adolescentes, enquanto um famoso seria killer espreita a oportunidade certa para voltar. Mas, hey, vocês sabem que eu sou um enorme fã de Scream, então isso nem me incomodou muito!
A trama gira à volta de Laurie Strode – sim, ela tinha morrido antes do 4, então imaginem…é uma continuação do 2º filme – que, vinte anos após os eventos da fatídica noite de Halloween continua a viver atormentada pelo fantasma do seu irmão, Michael. Laurie – com Jamie Lee Curtis de regresso! – fingiu a sua morte e mudou de identidade e Michael, claro, também não morreu. Os primeiros dois atos do filme andam muito à volta do estado mental de Laurie e da sua relação com o seu filho, John (interpretado por Josh Hartnett), que, tal como qualquer adolescente, mente aos pais e faz coisas que não deve. O 2º ato tem problemas de ritmo e tenta, em demasia, utilizar jumpscares baratos, mas o 3º ato é lindo de se ver, com uma grande conclusão. Não está entre os melhores, mas está muito longe de estar entre os piores. Ah e tem um LL Cool J engraçado e com grande personalidade! 3/5
Halloween Resurrection (2002): Ah, a sequela de H20 que nos traz Laurie a morrer na primeira cena do filme e que depois coloca as futuras vítimas na casa de Michael Myers, onde são observadas, como se do Big Brother se tratasse! Isto já era estranho, mas pasmem-se porque até inclui uma cena onde Busta Rhymes pontapeia Michael Myers num golpe de kung-fu!
Tem o título de ser o mais odiado por muitos dos fãs, mas até tem a sua certa piada e tenta introduzir algumas coisas positivas – faz uma interessante crítica social à sociedade de consumo, tem morte excelentes e uma identidade muito própria – mas é impossível esquecer o que fez na sua primeira cena, bem como o fraquíssimo diálogo e a falta de desenvolvimento das suas personagens, que parecem ser apenas carne para canhão. Por vezes, parece um autêntica paródia, mas vale a pena ser visto, mais não seja por aquela cena de kung-fu! 2/5
Halloween (2007): Este remake /reboot de Rob Zombie não foi consensual: recomeça tudo, deu uma história de origem à personagem de Michael Myers, deu grande ênfase à sua infância e adolescência, trazendo um humanismo maior para uma personagem que sempre tinha sido vista como “puro mal”. Há quem não perdoe isso a Zombie. A origem do mal nunca deve ser explicada para alguns e ainda existe o sacrilégio de Michael falar (quando era mais novo)! Mas eu gostei do que ele fez, principalmente na primeira metade, onde precisamente acontece isso tudo.
Gostei de ver uma nova perspetiva da história, gostei de ter procurado desbravar novos caminhos e gostei que não tenha procurado fazer um remake que fosse uma cópia do original. Este é também um Halloween violentamente mais cru do que qualquer uma das prévias entradas, mais baseado na força da violência de um gigante Michael Myers do que na atmosfera criada. Loomis é muito bem interpretado pelo grande Malcolm McDowell e todo o tempo passado no hospício é excelente. Infelizmente, traz-nos também uma Laurie Strode bem menos carismática do que a original e perde-se um pouco na sua parte final quando tenta colar-se mais ao legado de Halloween, deixando de ser ele próprio. 3.5/5
Halloween II (2009): Ok, eu até gostei do que Zombie trouxe inicialmente para a saga, mas nem eu consigo defender isto. Curiosamente, este filme tem vindo a ganhar um estatuto de culto nas redes sociais pela forma como aborda os efeitos da PTSD e de como tenta algo totalmente diferente para a saga. Eu dou de barato isso. Sou muito a favor de ser feito algo diferente, mas o meu problema aqui é que não considero que isso resulte nem um pouco.
Há três linhas de história neste filme e considero todas elas ofensivamente más. Na primeira seguimos Michael Myers que começa a ver cavalos brancos e a ter visões da sua mãe no outro mundo (!); na segunda, Laurie que passou de sonsa a irritante, a gritar a toda a hora com tudo e todos; por último, também seguimos um Dr. Loomis totalmente arrogante, fora de si, espezinhando tudo e todos em busca de sucesso. Nada aqui faz sentido para mim e ainda pior se juntarmos uma incrivelmente má edição, uma fotografia suja onde nada dá para ver em certos momentos, a ausência da clássica banda sonora e uma realização muito confusa. É o filme que menos gosto da saga, mas…vejam, afinal até podem fazer parte dos que o consideram agora um grande filme! 1/5
Halloween (2018): Nunca se tinha passado tanto tempo entre filmes da saga e isso pode ser explicado pelas marcas que as versões de Zombie (especialmente, a sequela) deixaram. Em 2018, Halloween começa mais uma ordem cronológica, esquecendo agora todas (!) as sequelas e sendo uma continuação direta do primeiro filme, 40 anos após os eventos daquela noite. Sem filme 2, Laurie não é agora irmã de Michael, mas viveu toda a sua vida a pensar naquela noite. Volta a ser vivida por Jamie Lee Curtis e é agora uma personagem pronta para a guerra, pois sabe que o dia do reencontro irá chegar.
É uma autêntica Rambo em versão feminina, altamente treinada e com uma casa cheia de armadilhas à espera de Michael. Felizmente, este é também um regresso aos melhores tempos da saga. A cena inicial quando dois jornalistas tentam estabelecer contato com um mudo Myers no hospício é sensacional (e sem envolver mortes!) e é apenas um mote para um filme bastante tenso, dark e atmosférico, mas também bastante violento. Resulta bastante bem e é o início de mais uma trilogia que irá fechar (supostamente…) a história de Laurie Strode. 4/5
Halloween Kills (2021): O título aqui diz tudo. Este filme é para vermos Michael Myers matar brutalmente tudo o que mexe e com grande estilo e fá-lo desde o primeiro minuto, com uma cena verdadeiramente sensacional que envolve fogo, bombeiros e muitas mortes.
Tem elementos de comportamentos de grupo que irão surpreender até por tentar fazer algo diferente dramaticamente e traz algumas novas personagens bem carismáticas (como Little e Big John). Às vezes parece existir pouca coesão narrativa (as cenas parecem coladas a martelo no primeiro ato) e algumas personagens parecem estúpidas que nem uma porta, mas ninguém pode dizer que Halloween Kills não faz bem exatamente o que promete. 3.5/5 Podem ler a crítica completa em: Halloween Kills – Crítica Fala Visual
Brevemente: Halloween Ends (2022): A sequela que irá terminar o arco entre Michael Myers e Laurie Strode. Tendo em conta o desfecho do filme anterior, Laurie deverá estar mais cega de raiva do que nunca e isto poderá dar um encontro explosivo. Irá terminar com a morte de Myers?
As várias cronologias
Isto é mesmo só para os fãs. Mas Myers não morreu no filme número 2? E não voltou a morrer em H20? E Laurie não morreu no 2? E voltou a morrer em Resurrection? Bem, tudo tem uma razão de ser, mesmo que às vezes se volte atrás e se vá para a frente quando dá jeito. Esta imagem pode ser a chave que precisam para entender Halloween e como a saga deve ser vista. Escolham o vosso caminho!
As personagens notáveis
Michael Myers
É a principal figura da saga. Todos os anos as máscaras de Michael Myers voltam a entrar nos tops quando a data do Halloween se aproxima e é um dos produtos mais lucrativos do cinema. O facto da personagem utilizar a máscara na noite de Halloween torna tudo ainda mais vendável quando esse dia chega e faz de Halloween um produto especialmente inteligente ao nível do marketing. A máscara é do mais básico e brutal que possam imaginar. Totalmente branca com feições pouco definidas, sombria pela ausência de emoções que transmite. Foi comprada numa loja de rua e trabalhada depois à pressão, em menos de uma hora, para chegar ao seu aspeto final!
Quem é Michael Audrey Myers? Como já vimos, na história original, Michael começa a sua trajetória ao matar a sua irmã, Judith, na noite de Halloween de 1963, em Haddonfield, quando o mesmo tinha apenas seis anos. Internado num hospício, decorrem quinze anos até que Michael consiga escapar do mesmo. É na noite de Halloween de 1978 que Michael, já com 21 anos, começa uma matança sem precedentes numa terra onde nada se passava. Desde então, Michael Myers regressou por dez vezes, tendo apenas falhado a presença em Halloween III, o único filme que optou por – sem sucesso – perseguir uma via alternativa, sem Michael. Ao longo dos anos fomos vendo diferentes Michael Myers. Em todas as versões, Michael Myers é um assassino calculista e frio, embora o original fique marcado pela quase ausência de sangue, sendo muito mais sugestivo do que revelador aquando das mortes no ecrã. Uma curiosidade: apenas Rob Zombie teve a ousadia de colocar Myers a falar. Em todas as outras obras, ouvimos a sua respiração, mas o seu mistério vai até à sua própria voz. O facto de existir pouca informação sobre a sua origem e da razão porque matou a sua irmã e todos querer é matar, é o que o torna tão assustador para muitos, mas Rob Zombie decidiu trazer explicações no seu reboot. Deu polémica…E já agora sabem porque se chama Michael Myers? Era um nome de um produtor britânico
Laurie Strode
Com presença em oito filmes da saga – serão nove quando Halloween Ends estrear em Outubro de 2021 – é a grande sobrevivente de Michael Myers, uma das mais carismáticas final girls da história. Interpretada seis vezes por Jamie Lee Curtis – apenas não o foi nos dois filmes de Rob Zombie – foi o primeiro papel cinematográfico numa carreira de sucesso para a atriz que é a filha dos atores Tony Curtis e Janeth Leigh, a Marion Crane de Psycho.
Qual é a razão da obsessão de Michael Myers por Laurie? Depende de que cronologia estejamos a seguir. Se seguirmos a original, no primeiro filme não temos indicação que Laurie seja já uma obsessão de Michael. Ele mata tudo o que aparece à frente e ela é a final girl. No entanto, no 2º filme que começa imediatamente após o término do 1º – continuando os eventos na mesma noite – é explicado que Laurie é a irmã de Michael Myers. Carpenter apenas trabalhou nesta explicação entre o 1º e o 2º capítulo, mas grande parte da saga segue esta revelação. Essa relação é também assumida para as partes 4, 5 e 6 (embora Laurie não participe nesses filmes, mas sim a sua filha) e também é assumida na linha do tempo de H20 e Resurrection, que esqueceram todas as sequelas depois do 2º filme trazendo Laurie de volta! No remake de Rob Zombie, a informação de que Laurie é irmã de Michael é logo assumida desde o início, sendo que a única linha cronológica na qual Laurie não é irmã de Michael é a atual. O filme de 2018 esqueceu todas as sequelas, sendo uma continuação direta do primeiro, onde não houve menção à familiaridade. Existe, inclusive, um diálogo onde as personagens abordam essa situação na brincadeira, sendo afirmado que Michael e Laurie não são irmãos e que isso foi apenas uma invenção para aumentar o drama à volta da história! Confusos?
Quanto a Laurie, a sua personalidade apresenta várias dimensões ao longo da saga. Desde a inocente e sobrevivente lutadora dos dois primeiros filmes até à atormentada personagem de Halloween H20, sem esquecer a sua nova faceta de obcecada, prep da nova trilogia. Pelo meio ainda teve uma pouco usual depressão e conexão paranormal com Michael, na continuação de Rob Zombie.
Dr. Samuel Loomis
O nosso doutor favorito passou por várias facetas e nem sempre pareceu, ele próprio, totalmente bom da cachimónia. No primeiro Halloween, vivido pelo conceituado ator Donald Pleasance, Loomis é quem alerta para os perigos de Michael Myers, é quem nos diz que ele é “o puro mal” e que, depois de o ter estudado e ter tentado a sua reabilitação durante a sua infância e adolescência, não acredita que exista qualquer chance de o reabilitar. Loomis quer matar Michael, pois acredita que essa é a única forma de não colocar mais ninguém em perigo. No início do 2º filme – que tem lugar na mesma noite dos eventos do 1º – já vemos um Dr. Loomis – logo na cena inicial! – muito mais alterado, fazendo tudo para parar Michael, mesmo que isso também coloque em causa outras vidas (como na famosa e até cómica cena do atropelamento nesse filme, onde depois deixa a cena que nem um relâmpago, querendo pouco saber de quem acaba de arder à sua frente). Ele só quer saber de Michael Myers, é obcecado por isso e só parará quando completar a sua missão.
Mais tarde, na trilogia entre os filmes 4-6, vemos a versão mais maluca de Loomis. Por esta altura, os fãs já lhe dão tanta importância quanto a Laurie ou Myers e quem esteve por detrás das produções destes filmes percebeu isso, possibilitando-lhe um maior tempo de exposição. Reza a lenda – na verdade, vários depoimentos de colegas – de que Pleasance aparecia, várias vezes, bêbado nas gravações dos filmes, o que nunca impediu – ou talvez tenha sido essa a razão para o sucesso… – que cumprisse na perfeição o seu papel. Nesta sequência de filmes, pudemos assistir a um Dr. Loomis a entrar como louco por uma esquadra adentro, a criar armadilhas para Michael na sua própria casa, a lidar com cultos satânicos ou até a gritar na cara de uma menina de 5 anos, abanando-a como se ela fosse um boneco. Por vezes, perguntamo-nos quem é o mais louco…
Por fim, nas versões de Rob Zombie, o Dr. é vivido pelo também conceituado Malcolm McDowell e os resultados são díspares nas duas obras. É um Loomis diferente do de Pleasance, com identidade própria, mas também muito bem desenvolvido no filme que começa tudo outra vez. O problema está no 2º filme que nos apresenta um Loomis onde a fama lhe subiu à cabeça, onde pensa que é uma rockstar, cheio de manias e tiques de vedeta, pouco se importando com quem quer que seja, a não ser com o sucesso da venda dos seus livros. Zombie tratou mal o nosso querido Loomis nesta sequela.
O Futuro
Não foi o primeiro slasher, mas Halloween é por muitos apontado como o pai do slasher moderno. Terá sido inspirado por filmes como Black Christmas, mas terá inspirado muitos mais, com as suas “regras” a fazerem escola em todos os filmes do género que se seguiram. É um dos mais emblemáticos filmes da história e haverá sempre um antes e um depois Halloween.
Quanto ao futuro da série, sabe-se que Halloween Ends irá fechar a história de Laurie Strode (outra vez) e não há ainda nada que nos diga o que será que poderemos esperar da saga. Certamente que as marcas “Halloween” e “Michael Myers” são demasiado grandes para serem deixadas em paz para sempre, mas poderemos ter alguns anos sem um novo filme ou então pode ser que vejamos a mesma seguir um caminho totalmente diferente. Não esperamos que nada em relação a isso seja anunciado até ao lançamento de Ends, mas, mesmo que Myers seja morto no final desta trilogia, não acreditamos absolutamente nada que isso seja o fim de Halloween. Até porque como já se viu, a saga nunca teve qualquer problema em brincar com linhas temporais e trazer de volta quem já cá não estava.
Prontos para uma maratona de Halloween?