Especial Halloween: cinco produções para conhecer o horror cósmico!

O ano vai se encerrando, e mais uma vez chegamos ao Halloween! Sou grande entusiasta do Dia das Bruxas, então, para comemorar esta assustadora e divertida data, decidi trazer para os leitores da Fala Visual, uma lista de recomendações de produções audiovisuais de terror! 

Para ser mais específico, vou trazer nesta lista obras de um dos subgêneros mais interessantes do terror: o horror cósmico. Também conhecido como horror lovecraftiano, o horror cósmico foi criado pelo autor literário H.P. Lovecraft, e consiste em histórias envolvendo ameaças inimagináveis, terríveis, que superam os limites do conhecimento humano. Ou seja, o subgênero explora o que há de mais assustador e fascinante no universo: o desconhecido.

The Thing (Veio do Outro Mundo)

O Clássico de John Carpenter é atemporal. E assim é, não só pelo excelente uso de espetaculares efeitos práticos, que envelhecem melhor que qualquer outro método de efeitos especiais, mas também pela genial atmosfera de paranoia e vulnerabilidade muito bem implementada na obra.

O cenário do filme: um centro de pesquisa isolado na Antártica. As vítimas: o seleto grupo de pesquisadores, que não têm para onde fugir. A ameaça: algo inimaginável, que possui a qualquer um, toma qualquer forma, em qualquer lugar.

The Thing é um dos melhores filmes de terror de todos os tempos, e conta, na minha opinião, com um dos melhores títulos do gênero. E o mais legal, é que as traduções do título para português, seja no Brasil ou em Portugal, afastam-se muito do original, mas mantém a essência do que a obra representa, e conseguem, inclusive, ser mais interessantes do que a versão americana. The Thing, que em português significa “a coisa”, corresponde perfeitamente ao que a ameaça do filme representa para as suas vítimas: uma coisa, sem forma distinta. Já os títulos em português, Um Enigma de Outro Mundo, no Brasil, e Veio do Outro Mundo, em Portugal, ressaltam o mistério envolto na entidade que aterroriza os pesquisadores: um ser de outro lugar, qualquer, exceto daqui. É perfeito!

The Lighthouse (O Farol)

Dois homens cuidam de um farol, ilhados, apenas com a companhia um do outro. O convívio entre os dois é problemático, e as condições do trabalho são péssimas. Logo, a paranóia toma conta de ambos, e, com a influência de eventos fantásticos, é desencadeada uma onda de terror e violência.

Entre maldições, sereias sedutoras, e flatulências, The Lighthouse se consagra como uma obra de tensão e atmosfera ímpares. A fotografia, que faz excelente proveito de sombras, o exaustivo e enlouquecedor trabalho sonoro, e o brilho das memoráveis atuações da dupla de protagonistas vividos por Willem Dafoe e Robert Pattinson, fazem do terror de Robert Eggers uma obra imperdível!

Under the Skin (Debaixo da Pele)

Talvez o filme mais difícil da lista, Under the Skin é um longa lento e contemplativo, que intriga, principalmente, por sua ameaçadora atmosfera de estranheza e desconforto.

Scarlett Johansson vive uma mulher misteriosa, que trafega pelas noites da Escócia seduzindo homens para a morte. A jornada da Súcubo é silenciosa e hipnotizante, e, de uma vítima à outra, ela passa por transformações inesperadas, resultantes do choque entre sua existência, e a dos homens a sua volta.

Under the Skin não é para todos. Entretanto, é uma experiência provocativa, que qualquer um deveria vivenciar.

Annihilation (Aniquilação)

Annihilation é atordoante. O filme é dotado de visuais incríveis, cheio de efeitos digitais impressionantes, com muitas cores e imagens lindas. Porém, toda beleza presente em cena se prova tão devastadora quanto fascinante.

Estruturado por um enredo complexo, que ousa discutir, através de metáforas, complexidades humanas, especialmente femininas, e contemplado com uma banda sonora de sintetizadores hipnotizantes, Annihilation é uma experiência sensorial difícil de se compreender, mas de impacto extremamente potente. O texto do filme não é nada óbvio e, com certeza, o que há de mais abstrato na obra, é a sua ameaça alienígena. Poucas coisas causam mais insegurança e terror do que um inimigo do qual não se pode entender a natureza e, certamente, os reflexos distorcidos da realidade de Annihilation são dignos dos piores pesadelos da humanidade.

Control

Para fechar a lista, trago um item diferente: um jogo eletrônico. Control pode estar um pouco deslocado entre os outros tópicos por ser um produto de outra mídia, mas, em termos de temática, o jogo se encaixa perfeitamente. Afinal, Control é, de longe, a produção mais abstrata e bizarra dentre as cinco listadas.

Em Control, nada pode ser completamente compreendido. Apenas aceitamos as coisas como elas são, e lidamos com isso da melhor maneira possível. No jogo, controlamos Jesse Faden (Courtney Hope), uma mulher que, após viver uma experiência paranormal em sua infância, recebe poderes sobrenaturais. O evento também a afasta de seu irmão, do qual passa a procurar incessantemente. Então, sua busca a leva até o Departamento Federal de Controle, um departamento secreto que estuda, controla e mantém o sigilo de eventos paranormais. O departamento tem sua sede na Casa Mais Antiga, uma entidade mais antiga que qualquer coisa, metamorfa, de temperamento forte, vontades próprias, que não pertence a lugar algum, e a qualquer lugar, ao mesmo tempo. O mal que ameaça tal entidade, e à Jesse, é… bem, uma presença. O grande vilão de Control é algo tão incompreensível, que as personagens do jogo a apelidam de Ruído. O nome é escolhido pois o Ruído nada mais é do que uma influência que infecta a todos que alcança, se espalhando e corrompendo tudo o que vê pela frente.

Control é uma das obras com os conceitos mais originais e intrigantes que já pude contemplar. Uma experiência surpreendente, que insiste em manter a confusão intacta do início ao fim, sem nunca te levar para alguma zona de conforto. É extremamente frustrante e, ao mesmo tempo, excitante como estamos sempre por dentro de tudo o que acontece no jogo, sem nunca entender o que realmente se passa. Os conceitos existem, e pouco podemos além de aceitar as coisas como elas são. É simplesmente brilhante.

E aqui se encerram as dicas. Cinco produções: quatro filmes, um jogo, e, em comum entre elas, a complexa relação entre o medo e o fascínio pelo incompreensível. Permita-se experimentar o que pretende provocar, não hesite em encarar o que desconforta, e ouse contemplar o desconhecido. Feliz Halloween!

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