O Terror em 2020: 20 filmes que me fizeram esquecer (ou não!) a pandemia

Num ano atípico para todo o cinema, muitos foram os que se queixaram da falta de produções de elevada qualidade. Pessoal, eu entendo-vos, eu também adoro sentar-me na poltrona de cinema, comer as minhas pipocas e abstrair-me de todos os problemas do mundo durante aquelas duas horas. Durante aquele tempo, é ali e só ali que pertenço. No entanto, várias foram as obras de elevada qualidade que o cinema nos trouxe em 2020, especialmente no género do terror e seus subgéneros.

  1. Freaky (EUA)

É, provavelmente, a abordagem mais leve desta lista, mas é um tipo de abordagem que tem vindo a ter, cada vez mais sucesso no terror nos últimos: a mistura de terror com comédia, que eu, muito inspirado, gosto de chamar de “terrir”. Na história, um punhal místico faz com que uma jovem de 17 anos troque de corpo com um serial killer e a jovem – no corpo do serial killer – descobre ter apenas 24 horas para voltar ao seu corpo, enquanto o serial killer utiliza o seu novo corpo para explorar novas oportunidades.

A abertura é sensacional e dá-nos, desde logo, o mote para o que podemos esperar: o tom pode ter o seu humor bem vincado, mas as referências ao terror, a violência e o suspense não vão faltar. Não vamos dizer que nunca vimos a abordagem de troca de corpos antes, mas aplicada ao terror desta forma tem a sua beleza. Resulta porque o guião sabe onde nos leva e porque Vince Vaughn (o assassino, mas durante a maioria do filme…a viver a adolescente) e, sobretudo, Kathryn Newton (a adolescente, mas durante quase todo o filme o assassino) fazem dois papéis extraordinários.

  1. Malasaña 32 (Espanha)

Quanto a mim, foi um filme incompreendido. É uma história de fantasmas, de casa assombrada diferente do habitual, até porque aqui o cenário escolhido é um apartamento, ao contrário das habituais mansões. A história é a de uma família que sai do interior espanhol e muda-se para o centro de Madrid, para uma casa com muita história por detrás.

É mais um filme de terror que nos faz lembrar o melhor que nos deram anteriores épocas do terror, por isso, talvez, não tão inovador na sua abordagem e estrutura. É eficaz na criação de tensão, eficaz nos sustos (sim, jump scares, bem aplicados, não são um problema!) e com uma banda sonora a um excelente nível. Tem ainda tempo para um interessante comentário social e para um terceiro acto recheado de surpresas, que nunca as pude prever.

  1. Hunter Hunter (EUA)

Este Hunter Hunter funciona muito melhor como thriller, sendo isso que o é durante a grande maioria da sua duração, partindo, sim, depois para uns 15 minutos finais alucinantes, em que o terror toma forma de uma maneira crua e cruel. Na história, uma família vive na floresta, afastada da civilização, mas a sua calma começa a ser ameaçada quando pensam que existe um lobo nas redondezas.

A história não diz nada do que isto é, uma vez que possui um incrível twist final. O começo do filme pode ser um pouco lento para algumas pessoas, mas agarrem-se a ele, porque no final são recompensados com imagens e cenas que perdurarão nas vossas memórias por muito tempo.

  1. #Alive (Coreia do Sul)

#Alive foi uma verdadeira surpresa ao trazer-nos uma diferente abordagem ao sub género de zombies. Na trama, um jovem adulto acorda no seu apartamento e dá-se conta de que o mundo lá fora mudou e muito, com a disseminação de um virus que parece estar a exterminar a vida humana – ou pelo menos, transformando-a em algo não humano.

Com uma inovadora utilização das novas tecnologias no combate aos mortos-vivos – ao mesmo tempo que nos dá mensagens e alerta para os perigos dessas mesmas tecnologias! – o filme possui suficientes momentos de interesse e tensão para nos deixar entretidos. Além da personagem principal (vivida por Yoo Ah-in), o grande destaque é a amiga que este consegue encontrar e fazer no meio da crise zombie. Park Shin-hye está aqui em grande e voltaremos a falar dela neste artigo.

  1. Spiral (Canadá)

Enquanto aguardávamos por um outro Spiral, com uma nova abordagem à história de Jigsaw, 2020 já nos dava um Spiral de elevada qualidade. Um casal homossexual multiracial muda-se para uma pequena cidade no interior dos EUA e, cedo, um deles se apercebe que estranhos acontecimentos ocorrem à sua volta, enquanto que os locais se mostram bem misteriosos e suspeitos.

Jeffrey Bowyer-Chap tem uma grande interpretação aqui, deixando-nos na dúvida se aquilo está, de facto, a acontecer, ou se não passa tudo da sua imaginação. As parecenças com Get Out são mais do que óbvias, sendo que o filme também revela claras influências de Ari Aster e o seu Hereditary. Pode não ser tão perturbador quanto estes, mas resulta muito bem, tanto como filme de suspense/terror, quanto como comentário social atual, devendo merecer a atenção de todos.

  1. Relic (Austrália)

A avó desaparece e a mãe e a filha regressam à casa de família para tentar descobrir o seu paradeiro. A avó acaba por regressar, não dando muitas mostras de explicar o que aconteceu, mas filha e neta rapidamente se apercebem de que algo não está bem com a histórica casa e que todas estão em perigo.

O filme agarra-se a três fortes interpretações para nos levar onde quer a nível da verosimilidade da história. Não esperem demasiados sustos fáceis, uma vez que esse não é aqui o tipo de terror que se explora. É uma história dramática, com vários momentos de cortar a respiração, que nos vai deixar a pensar por vários dias sobre tudo o que nos quer contar. É também uma história de família, de aceitação e um fiel retrato de como a demência afeta o dia a dia de quem dela sofre.

  1. Run (USA)

Chamar terror a Run talvez seja esticar demasiado a corda para alguns, mas é assim que nos sentimos ao ver este thriller inquietante, que tem Sarah Paulson e Kiera Allen nos principais papéis. Na história, Chloe é uma adolescente confinada a uma cadeira de rodas e a uma vida de reclusão. No entanto, a jovem apercebe-se de que algo está errado com a sua mãe e começa a suspeitar que esta esconde algo muito grave.

Não podemos dizer que é uma história original e que já não vimos isto em algum lado. No entanto, o filme faz tão bem tudo o que faz, que é impossível não nos sentirmos colados à cadeira até que tudo seja desvendado e resolvido. Acompanhado de um grande trabalho de edição e de uma banda sonora a pontuar na perfeição os momentos de maior tensão, preparem-se para uma perturbadora história e para um final que vos vai surpreender e deixar com um sorriso cínico na boca.

  1. The Platform (Espanha)

A Plataforma foi um filme que causou alguma sensação no seviço da Netflix e com toda a justificação. Um homem acorda numa cela, num local estranho, onde uma plataforma descendente define quem ocupa os lugares mais abaixo ou acima numa torre. Acontece que nos lugares mais abaixo, nem comida há, o que obriga a uma verdadeira luta pela sobrevivência.

Num dos filmes aqui mencionados com mais forte comentário social, Gaztelu-Urrut procura aqui retratar de forma alegórica a sociedade onde nos inserimos, criticando fortmente as nossas noções de vivência em sociedade e de como tudo fazemos para estar acima dos outros à nossa volta, pouco nos preocupando com quem abaixo hoje está. O conteúdo pode ser graficamente chocante para os espectadores mais sensíveis, mas recheado de carismáticas interpretações e de elevada tensão, é um filme que perdurará na nossa memória.

  1. Spree (EUA)

Vi este filme sem saber exatamente ao que ia e não me arrependo absolutamente nada. Kurt é um condutor de carros partilhados – uma espécie de Uber – sedento por likes e shares nas redes sociais, que é absolutamente capaz de tudo para obter a fama que almeja, delineando um diabólico plano para aumentar a sua legião de fãs.

Uma das estrelas de Stranger Things, Joe Keery, revela aqui todo o seu potencial, com uma grande atuação neste thriller social, que é mais outra alegoria de como a sociedade atual funciona e da nossa obsessão por sermos reconhecidos e falados para nos sentirmos alguém. O filme tem um tom irónico e cínico, contrastando com a violência que nos é mostrada, o que acaba por funcionar bastante bem, tal como já aconteceu em obras passadas (American Psycho, The Babysitter, Tragedy Girls…), podendo ser apelidado de uma mistura entre Grand Theft Auto e Creep. Sim, é mesmo assim. É para ver e de partilhar a opinião…nas redes sociais!

  1. The Cleansing Hour (EUA)

Pouco gente dava alguma coisa por isto e o trailer parecia ser mais cheesy do que os discursos do Varandas. O filme fala-nos de dois amigos millenials que têm um lucrativo negócio onde fingem falsos exorcismos nas redes sociais. O que eles não esperam é que numa dessas sessões tenham que realmente lidar com algo demoníaco.

O início do filme não é fantástico, mas assim que o terror realmente começa, acelera para níveis bastante elevados. É inovador e surpreendente na sua abordagem, com o exorcismo a ser partilhado para todo o mundo online, que não entende bem o que se está a passar. Ao mesmo tempo, possui um pouco daquele tom que tinham aqueles filmes que alugávamos no videoclube nos anos 90, trazendo-nos alguma nostalgia de quando o terror era mais simples. Com um ritmo bastante acelerado e com interessantes interpretações (talvez, às vezes, over the top), conduz-nos para uma das mais chocantes conclusões dos últimos anos no horror.

  1. The Call (Coreia do Sul)

É a 2ª entrada da Coreia do Sul nesta lista e a 2ª entrada de Park Shin-hye, que vive aqui uma jovem que vai viver para uma nova casa e que, de alguma forma, consegue comunicar com quem aí habitou há 20 anos atrás. O pior é que essa sua nova amiga não é assim tão inocente e boa pessoa quanto parecia inicialmente.

Fantástico thriller psicológico, bastante inteligente na sua abordagem, num tema sempre super delicado de se lidar, como é o das interferências no tempo e as consequências de mexermos no passado. Não abusa na sua complexidade e deixa-nos entretidos para tentarmos sempre adivinhar o que vai acontecer. Enorme interpretação de Jeon Jong-seo como vilã, pouco depois de ter brilhado na sua estreia em Burning e promissora estreia na realização de Chung-hyun.

  1. The Mortuary Collection (EUA)

Desesperada por um emprego, uma jovem candidata-se a trabalhar com os mortos, enquanto um excêntrico agente funerário vai-nos contando uma série de macabros episódios que ocorreram durante a sua carreira, cada um mais aterrorizante do que o anterior.

É uma das melhores antologias da história do cinema de terror e isso não é dizer pouco. Clancy Brown está praticamente irreconhecível no papel do anfitrião da casa mortuária, mais velho, maduro e com um papel de grande misticismo. É ele que nos guia pelas várias histórias que nos são apresentadas, todas elas fantásticas, com mais ou menos terror. Preparem-se para alguns momentos cómicos, chocantes, inesperados, nojentos e, acima de tudo, para um terror inteligente, conduzindo-nos para um final apoteótico.

  1. Color Out of Space (EUA)

Com algumas filmagens em Portugal, este é mais um projeto de Nicolas Cage, que nos tem habituado a algumas das mais estranhas e recambolescas propostas dos últimos anos. Aqui adapta-se uma história de H.P. Lovecraft, onde uma família que vive numa quinta um pouco isolada é afetada pela queda de um meteorito, que parece trazer a si associado inexplicáveis eventos que colocam em risco a vida de todos.

Este não é apenas “mais um” projeto de Nic Cage. Color Out of Space é, na verdade, uma muita bem sucedida adaptação de Lovecraft para o cinema, algo que nem sempre se tem revelado fácil. O filme tem um clima estranho, faz um excelente uso das cores e do ambiente Lovecraftiano, como seria de esperar e tem cenas chocantes em número suficiente para afastar os mais sensíveis e para entusiasmar os maiores fãs de sangue no ecrã. Começa lento, mas é corajoso na sua abordagem e nas suas decisões. Possui ainda uma excelente fotografia, sendo um dos filmes mais belos do ano.

  1. Host (Reino Unido)

Um conceito simples, mas assustadoramente eficaz, especialmente para os tempos que correm. Em confinamento, seis amigos contratam um medium para uma sessão de Zoom, onde irão tentar falar com alguns dos seus antepassados, que já não se encontram em vida. Claro que isto não corre lá muito bem e acabam por chamar quem não deviam, transformando tudo num Ouija virtual.

É um filme muito tenso, caso seja visto nas condições ideais e só assim resultará. Se querem vê-lo na tv, vejam, mas se calhar o recomendável até seja mesmo no laptop, como se estivéssemos nós mesmo naquela chamada Zoom. Não inventa a roda, mas é bastante eficaz na forma como utiliza o seu ambiente de cortar à faca e na forma como incorpora os sustos e o poder da sugestividade, não se percebendo bem, por vezes, o que está, de facto, a acontecer. Uma aposta arriscada, mas totalmente ganha.

  1. Anything for Jackson (Canadá)

Dois avós não lidaram muito bem com a morte do seu neto (Jackson) e vão até onde poucos terão pensado ir na história: raptam uma mulher grávida para tentarem um “exorcismo reverso”, pretendendo colocar Jackson dentro do bebé por nascer. É uma história diferente, uma vez que não estamos habituados a ver os mais velhinhos assim representados no terror (ok, The Visit é excelente!).

O filme utiliza vários flashbacks para nos dar a conhecer como chegamos àquela situação e de como os idosos se trasnformaram em satanistas, conhecendo pelo caminho quem, talvez, não devessem ter conhecido. Entretanto, as forças demoníacas começam a entrar no nosso mundo e estranhos acontecimentos começam a ocorrer na sua casa (ou no jardim…vocês sabem do que eu estou a falar!). É pesado, é misterioso, é assustador e dá-nos uma série de imagens e acontecimentos tão surpreendentes que o colocam como uma das maiores surpresas dos últimos anos.

  1. The Invisible Man (Austrália/EUA)

É uma nova abordagem a uma história já antes contada no cinema, levemente baseado na história clássica de H.G. Wells. Aqui, Cecilia (Elisabeth Moss) consegue fugir da casa do seu abusivo marido e, mais tarde, vem a saber que ele se suicidou. Quando percebe que ele lhe deixou uma importante herança, Cecilia desconfia que é tudo bom demais para ser verdade e suspeita que o ex-marido orquestrou um plano para se vingar, fingindo a sua morte.

O filme atualiza-se aos tempos que correm, no papel da mulher na nossa sociedade e na forma opressora como muitas ainda, infelizmente, vivem. Atualiza-se também ao fazer um excelente uso das novas tecnologias, com implicações diretas na história e na acção. Está recheado de grandes valores de produção (que efeitos especiais, banda sonora e efeitos sonoros!) e é suportado por uma excelente interpretação de Moss. Um grande final e momentos inesquecíveis (oh, a cena no restaurante!) garantem que será tema de conversa por muitos anos.

  1. La Llorona (Guatemala)

Não é um filme para todos, uma vez que não é um terror mainstream. Se gostam de histórias sem pressas, sem se importarem muito com o género que estão a ver, mas esperando alguns pozinhos de folclore local, misticismo e terror, não podem falhar este. Na história, um antigo ditador é confrontado pelo seu passado em tribunal, enquanto está a ser julgado por vários crimes de guerra cometidos, incluindo um famoso genocídio. O julgamento acaba e o ditador refugia-se em casa. Os seus empregados deram à sola, mas existe uma nova empregada doméstica que chega para trabalhar e…talvez para mais do que isso.

Maria Mercedes no papel de Alma (a empregada doméstica) é mesmo a grande estrela numa interpretação com poucas palavras, mas com expressões que dizem tudo. Misteriosa e confiante, cedo percebemos que muito ela esconde e que não está ali por acaso. Também a filha do ditador – interpretada por Sabrina De La Hoz – tem um irrepensível papel, com as suas dúvidas e inquietações acerca do passado dos seus pais. Na grande maioria do seu tempo, o filme funciona como um thriller/drama político, com uma atmosfera muito intensa. Servindo de alegoria ao julgamento de vários ditadores sul-americanos, o filme faz uma importante crítica social e transporta-nos para um inevitável catártico final. É belo e fantástico.

  1. His House (Reino Unido)

Depois de uma perturbadora fuga da guerra no Sudão do Sul, Bol e Rial são um casal de refugiados que consegue chegar ao Reino Unido, prontos para recomeçar as suas vidas. Aí são colocados numa pequena cidade do interior inglês, onde não parecem ser propriamente bem recebidos pelos seus vizinhos e…pela sua própria casa!

Remi Weekes estreia-se na realização numa poderosa história de sobrevivência, de luto, de luta, de preserverança e de aculturação. O passado não larga o casal e o mesmo não consegue largar o passado, o que poderá trazer dramáticas consequências para as suas vidas. A história é uma perfeita alegoria das experiências traumáticas dos refugiados pelo mundo fora, que sem poderem esquecer o seu passado, devem olhar para a frente e lutar contra novas adversidades. Tendo um toque bastante British, mas com vários elementos do folclore africano também presentes, His House funciona bastante bem como filme de terror. Funciona como drama. Funciona como história de amor. E funciona, acima de tudo, porque Sope Dirisu e Wunmi Mosaku são fantásticos na interpretação perfeita que fazem daquilo que lhes é pedido.

  1. Impetigore (Indonesia)

Joko Anwar é já um dos nomes mais conhecidos pelos amantes do cinema de terror internacional. Entre as suas obras anteriores, encontra-se, por exemplo, Satan’s Slaves (2017), uma história de bruxas, superstições e fantasmas, em que o mesmo soube dar um toque único e pessoal. Em Impetigore, Maya herdou uma mansão na vila de onde a sua família é originária e onde apenas esteve quando era muito pequena. Quando regressa a essa vila, apercebe-se de que esta esconde muitos segredos e que a sua presença não é muito bem-vinda.

O filme começa logo com uma das melhores cenas de abertura dos últimos anos, a relembrar slashers clássicos, e a colocar-nos no mood certo para o que aí vem. Antes da chegada à vila, há episódios que nos vão transmitindo um certa intranquilidade, como que indicando que Maya não deveria ir naquela direção, mas é na vila que as coisas aquecem ainda mais. A história é fantástica, incrivelmente detalhada e complexamente bem conduzida, com as pontas todas atadas apenas perto da sua conclusão final. O ambiente de vila pequena e a tensão que nos transmite são únicos, com elementos da cultura local a tornarem o clima especial e sobrenatual, quase como que tudo fizesse parte de um sonho. Nem precisava da forte mensagem final. Já tinha ganho o meu coração e é uma obra obrigatória.

  1. The Dark and The Wicked (EUA)

O pai de família está a morrer e dois irmãos são chamados a casa para se despedirem dele, enquanto aguardam a inevitável morte. O que parecia ser um ritual de perda e passagem, transforma-se em algo totalmente diferente, quando estranhos e inexplicáveis acontecimentos começam a ocorrer.

Há muito poucos filmes que eu considero perfeitos. Na altura em que escrevo este artigo, tenho mais de 1800 filmes avaliados e apenas 32 deles têm a classificação máxima. The Dark and The Wicked é um deles. Não há filmes perfeitos. Há filmes perfeitos para cada um de nós, dependendo da nossa percepção, do que nós gostamos de ver em cena e de como nós reagimos ao que nos é contado. E este filme parece ser exatamente o filme que eu faria se tivesse oportunidade para tal. É um slow burner, sem qualquer pressa em contar o que tem para contar, usando, aliás, isso como uma vantagem para nos agarrar, prender e soltar a bomba, exatamente, como e quando quer. É tenso, é perturbador, é negro. Muito negro mesmo, como um bom filme de terror deve ser.

Deixa-nos a pensar na mensagem que nos quer passar, mas mesmo que não liguemos a isso, funciona muito bem, como um excelente filme de terror à antiga, recheado de imagens perturbadoras, de cenas chocantes e sempre envolto numa nébula e um sentimento de que ninguém conseguirá escapar. Eu não escapei.

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