Directamente da Polónia para a Netflix, o bizarro “All my Friends are Dead”, é uma comédia de terror que acompanha a festa de passagem de ano mais sangrenta de sempre.
Começamos logo com dois polícias a chegarem ao local do crime e darem de caras com um cenário sangrento. Mas começa bem. A maneira como o polícia mais velho não se preocupa minimamente com as provas (e inclusive entrega uma ao seu colega para se limpar), solta logo as primeiras risadas e a promessa que o filme vai ser estupidamente louco. E não é que acertámos? Depois a história retrocede e vemos, finalmente, tudo o que aconteceu naquela festa de passagem de ano onde tudo deu errado. E no fundo é isso: mortes. Mortes atrás de mortes. Mortes estúpidas. Mortes parvas. Mortes sangrentas. Homicídios. Suicídios. Mortes por causas naturais. Mas, ainda assim, mortes criativas (algumas). Mortes que foram pensadas com alguma imaginação (algumas). Sendo que, assim como os personagens, muitas delas são facilmente esquecíveis.
O filme começa logo de caras a dar dicas da inspiração do realizador Jan Belcl. O fundo preto e as letras amarelas (Assinatura de Quentin Tarantino) são apenas o primeiro sinal. O fio condutor que vai aumentando a tensão á medida que nos aproximamos do final, para depois terminar com um banho de sangue, é o segundo. Mas a inspiração não se fica por aí.
O realizador tentou criar um slasher, onde a principal atracção são as mortes. Mas desta vez não temos nenhum Freddy Krueger atrás dos personagens. Também não temos nenhum tipo de “Final Destination”, onde o elemento sobrenatural faz com que não exista um assassino para escapar ou combater. “All my Friends are Dead” cria um subgénero novo, substituindo o elemento sobrenatural de “Final Destination” com o simples e, digamos, mais realista, azar. O infeliz acaso de estar no sítio errado á hora errada.
O filme tem personagens para dar e vender. De todo o tipo. Por isso vai ser difícil não te identificares com um. Mas o pouco desenvolvimento dos personagens, vai tornar fácil não te conseguires identificar com nenhum. Mas, afinal, o objectivo era esse (acho eu). Preocupar-se em mostrar as mortes de todos os participantes da festa, e apenas o mínimo e indispensável de desenvolvimento das mesmas, para termos uma pequena ideia do que estavam ali a fazer. Para além de que o pouco conhecimento que temos das personagens facilita a comédia. E, mesmo que nos choquemos, vai ser difícil termos pena da morte de alguém. Mas como já disse, temos de tudo. Ou pelo menos tudo o que não pode faltar numa festa: Nerds que não arrastam ninguém, o rapaz religioso que descobre o sexo, a milf, o garanhão, etc. Muitos deles até têm uma boa ideia inicial, mas muitos acabam por se perder em alguns clichês. Sendo que o único que nos deixa um pouco “tristes” com a sua morte é o rapaz das pizzas. O único que desenvolve bem todos os seus problemas e nos faz pensar se não estamos a dar mais de nós a um trabalho que facilmente nos substituiria. E não vos conto mais que já contei muito. Não são spoilers, afinal todos morrem (Bem, quase todos).
Ainda assim, nenhuma dessas falhas estraga o filme. “All my Friends are Dead” é divertido e faz-te rir (não tanto como esperava, mas faz). E é uma enorme sátira aos filmes que trazem festas que saem do controlo. Para além disso, o filme não termina simplesmente. O filme tem um final bastante feliz. É verdade. Perguntem-se á vontade como é que um filme tão sangrento pode ter um final feliz, mas só o vão saber quando o virem. E não, não foi apenas um sonho.
