Aproveitando o hype gerado pelo lançamento da sequela de “Avatar”, e a oportunidade de ver essa continuação na ante-estreia da imprensa, decidi trazer neste TBT o filme original.
Em “Avatar”, Jake Sully (Sam Worthington), ex-marine, substitui o seu irmão gémeo no projecto da transferência da mente humana para um clone de humano com Na’vi (Tribo local de Pandora) para que os humanos se infiltrem na cultura indígena do planeta e consigam negociar um acordo para extrair um minério raro. Missão bem sucedida para Jake, que ficou a agir como um agente duplo, até que os seus instintos primordias o metem do lado dos nativos quando se apaixona por Neytiri (Zoë Saldaña).
James Cameron já contava com um currículo preenchido por alguns filmes de ficção científica, sendo que os principais eram os dois primeiros da saga “Exterminador Implacável” (Terminator) e “Aliens: O Reencontro Final” (Aliens). Juntando isso ao facto do próprio Cameron o anunciar como o filme que “mudaria o cinema”, as expectativas só podiam ser altas. E aquilo que ele fez foi criar um mundo absolutamente fiável com personagens completamente digitais. “Avatar” é um filme intemporal, que envelheceu tal como o vinho do Porto, e que ainda hoje continua bastante actual e à frente do seu tempo. Uma componente técnica elevadíssima, misturando imagem e som no melhor plano possível. Com grande destaque para a tecnologia de “captura de sentimentos”. Uma experiência cinematográfica completa que me faz sentir pena de quem não viu o filme numa sala de cinema na altura da estreia. Não acho que o filme tenha mudado o cinema como arte, mas definitivamente mudou a forma como os efeitos especiais são feitos e pensados. Feito para ser exibido em 3D, o filme envolve os espectadores de uma maneira incrível. Cores vivas, plantas com elevados níveis de detalhe, e nativos bastante realistas. O lado mau foi apenas a “comercialização” do 3D, que passou a ser algo banal, fazendo com que filmes sem necessidade alguma de serem convertidos a esse formato, foram sujeitos banalizando o seu uso.
Ignorando as limitações dramáticas de Sam Worthington, que fica a anos-luz da actuação estrondosa de Zoë Saldaña, o guião é o que impede “Avatar” de ser uma obra-prima. Afinal o guião não passa de uma história simples que podia facilmente ter sido baseada em “Dances With Wolves” (1990) ou “Pocahontas” (1995). História essa que foi modernizada e levada para o espaço. Ainda assim não deixa de ser uma história cliché repetida milhares de vezes em diversos filmes. A juntar a essa narrativa simplista, temos diálogos demasiado previsíveis. Mas nada disso ofusca o mundo maravilhoso de Pandora. E “Avatar” é, sem sombra de dúvidas, uma experiência inesquecível. Eu que o diga, pois é o único filme (no meio das centenas que já vi em salas de cinema) que me recordo da data e da sessão em que o assisti.