Awake chegou a Netflix com uma história que, apesar de não ser a minha preferida, despertou-me curiosidade. Depois de um evento que priva a humanidade da capacidade de dormir, Jill – Gina Rodriguez – uma ex-militar, tem de lutar pela sobrevivência da sua família, especialmente da sua filha Matilda – Ariana Greenblat – que, contrariamente, a maioria da população consegue dormir. Para a proteger daqueles que querem utilizar Matilda como a cobaia de uma possível cura, Jill pega nos filhos e tenta fugir.
Ver este filme a um domingo à tarde, – ou em qualquer outro dia, sinceramente – depois de comer muito seria um erro crasso, a não ser que o objetivo seja mesmo dormir. O filme de Mark Raso, que também é um dos argumentistas, falha na sua missão de prender o espetador do início ao fim, mas apresenta uma atuação potente de Gina Rodriguez.
O enredo tinha tudo para dar certo e potencializar o filme para um ótimo drama de ficção científica, mas peca. Ao sermos privados de dormir durante vários dias, começamos a enlouquecer e os nossos órgãos a falhar e essa realidade é bastante abordada no filme. No entanto, essa transição foi feita de uma forma demasiado abrupta que até me levou a pensar se tinha adormecido por uns segundos e deixado de ver um pedaço do filme. Mark Raso parece ávido em contar esta história e, isso, acabou por se configurar em um tiro no pé. De um momento para o outro, passamos logo para a fase onde as pessoas já começam a enlouquecer: a cena na igreja ter-me-ia feito mais sentido se fosse um pouco mais a frente no filme e não logo nos primeiros minutos. Mortes desnecessárias, violência gratuita – independentemente de quererem mostrar o quão aterrorizador pode ser ficar sem dormir – são mais exemplos das falhas que o thriller – ou tentativa de um – apresenta.
Mas nem tudo é mau.
Gina Rodriguez, mais conhecida pelo seu papel em Jane the Virgin, que lhe concedeu o globo de ouro de melhor actriz em 2015, é o maior motivo para ver o filme. Com uma atuação mais do que competente, que não deixa a desejar, Rodriguez apresenta-nos uma Jill forte que é capaz de tudo pelos filhos e que se entrega em todos os momentos. A sua aflição, dor, desorientação são credíveis e muito bem interpretadas. Este, juntamente com o casting de Ariana Greenblatt – que sabe chorar nos momentos certos para emocionar – como Matilda e os minutos finais são o maior acerto da trama.
Não sabia o que esperar, mas sei que não era totalmente isto. Rodriguez merecia um filme onde a direção e o argumento tivessem sido trabalhados de uma outra forma e cujo título não acabasse por ser irónico. O drama, poderia ter sido algo capaz de não só entreter, como também cativar do início ao fim, tornando-se inesquecível. Infelizmente, Awake acaba por ser mais um filme perdido nas inúmeras opções do serviço de streaming, mas que pode ser visto pela atuação de Gina Rodriguez.