O filme mais aguardado do ano, por mim, já está nos cinemas e no Disney+ e eu não poderia ter ficado mais… desiludida. Sou fã da Scarlett Johansson enquanto “a” Viúva Negra e desde que a vi, pela primeira vez, no filme que me fez apaixonar pelos Avengers – falo do segundo Homem de Ferro, obviamente – nunca questionei essa escolha, mas neste filme questionei. Aliás, questionei quase tudo e se não fosse por dois personagens a minha desilusão teria sido ainda maior.
Um enredo que parece ter sido esticado ao máximo para contar tudo e mais um pouco ou então comprimido para não exceder as duas horas; uma Scarlett fraca em termos de atuação, especialmente em comparação com aquela que roubou a cena e sobre quem falarei mais tarde; lutas que poderiam ter tido muito mais power, afinal estamos a falar da Marvel; um vilão, bem, que vilão mesmo? E cenas descabidas e aleatórias – até para a Marvel – foram alguns dos erros que me fizeram ficar com alguma raiva do novo filme da quarta fase do Universo Cinematográfico da Marvel realizado por Cate Shortland e que conta com Scarlett Johansson, Florence Pugh, Rachel Weisz e David Harbour nos papéis principais.
Eu sei, havia muita coisa para contar, até porque a nossa Viúva Negra já poderia ter tido um filme lançado há mais anos e este poderia muito bem ser uma continuação, o que seria melhor, bem melhor! As histórias seriam mais bem desenvolvidas e não trituradas numa liquidificadora para um consumo mais rápido. E quem não gosta do UCM até me poderia dizer que é mais do mesmo, mas não vamos entrar por aí… Neste milk shake de tudo e mais alguma coisa, finalmente conhecemos o passado de Natasha Romanoff. Aqui, vemos uma Viúva Negra ainda criança com a sua família e percebemos como é que ela se torna espiã. Anos passam-se e, na atualidade do filme, Natasha está foragida, sendo isto uma resposta a pergunta «O que é que a Viúva Negra andou a fazer depois de Avengers: Civil War?». E não foi pouco. Depois de receber uma encomenda de alguém do seu passado Natasha é perseguida por uma máquina que consegue imitar todos os seus movimentos e que quer, a todo o custo, o conteúdo do que lhe foi enviado. Para perceber o que se está a passar, a protagonista vai ao encontro da sua irmã mais nova Yelena – Florence Pugh – e é aqui que a longa-metragem fica mais interessante porque Yelena foi, de longe, a salvação deste filme.
O encontro das irmãs é uma das minhas cenas preferidas porque aquela relação me pareceu familiar e credível, dentro do possível, obviamente. Depois da reunião tumultuosa e de perceber que, afinal, quem ela achava ter destruído ainda estava vivo, Natasha une-se a Yelena e juntas vão em busca daqueles que, durante três anos, foram seus pais, Melina – Rachel Weisz – e Alexei – David Harbour -, numa tentativa de destruir de vez o criador da organização e libertar as Víuvas Negras. É neste reencontro de uma família totalmente atípica que encontrei outro personagem que não me deixou odiar o filme, Alexei, cujo humor e timing não só me fez rir mas também me emocionou.
Yelena e Alexei foram, estranhamente – ou não -, as salvações de um filme para o qual estava extremamente entusiasmada para ver, única e exclusivamente, por causa da protagonista. Entendam, a Viúva Negra era a minha personagem feminina preferida do UCM e depois da sua morte em Avengers: Endgame, – que, naturalmente, me fez chorar baba e ranho no cinema – eu estava mais do que ansiosa para ver o seu filme e fiquei com um gostinho a pouco. Vamos ver isto desta forma, estava crédula de que ia comer um leitão e serviram-me uma coderniz.
Apesar de tudo o que disse e agora parecer contraditória, – bem o sei – aconselho vivamente a visualização do filme, afinal de contas estamos a falar da Viúva Negra! Ok, mesmo que, para minha surpresa, valha mais a pena ser visto por causa de Yelena e não de Natasha, o seu final abre portas para um futuro bastante promissor que me fez perceber, mesmo sem aceitar, o porquê da prestação de Johansson.
Ps: Para quem ousa sair da sala de cinema ou mudar de canal assim que sobem os créditos de um filme da Marvel, por favor, que pare agora!