Bros (Bros: Uma História de Amor) é uma comédia romântica encantadora. Encharcado de muita ironia e deboche, o filme constrói uma narrativa leve, divertida e fácil de digerir que, por mais que não se leve a sério o tempo todo, sabe a importância que a representação lgbtqia+ carrega, e trata o assunto com o respeito e responsabilidade necessários.
Tendo afirmado isso, é importante esclarecer, antes de seguir o texto, que sou um homem hétero e que, talvez, não tenha sensibilidade suficiente ou, por não fazer parte da comunidade lgbtqia+, não tenha percebido problemas com o filme no que toca a representatividade. Durante o longa, me questionei até onde as brincadeiras com os estereótipos eram válidas. Se tais brincadeiras funcionam como boas sátiras, ou chegam ao ponto de ser um tiro no pé, e acabam por reforçar ainda mais tais estereótipos. No fim, recebi tudo como algo positivo, que funciona, sim, muito bem. Entretanto, para alguém que faz parte da comunidade lgbtqia+, isso pode causar um impacto diferente. Caso tu, leitor, tenha se ofendido de alguma maneira e discorde da minha posição em relação à abordagem trazida pelo filme, ficarei mais que feliz em ler teu comentário na seção abaixo. Tua opinião é sempre muito bem vinda e, nesse caso, necessária.
Agora, sigamos para a resenha do filme.
Billy Eichner é o grande destaque de Bros, e grande parte do carisma do filme se deve a ele. Eichner, na pele de Bobby, é extrovertido, intenso, cínico, enérgico e irritantemente negativo e pessimista. Sua personagem é explosiva e expositiva, o que não deixa muito espaço para sutileza e internalização. Tudo o que Bobby sente é jogado na nossa cara o tempo todo. Sua intensidade funciona como um mecanismo de defesa, que trabalha para mascarar, ou reprimir suas angústias e mágoas mais profundas. Bobby é um ótimo exemplo de que um argumento com elementos expositivos pode funcionar, desde que esses sejam bem pensados, coesos e tenham função na trama, além de mastigar informações para o público.
Luke Macfarlane também manda bem como o bombado Aaron. Sua personagem começa como apenas um cara padrão, chato, como diz a personagem de Guy Branum, Henry, ao se referir a Aaron em sua cena de apresentação. Porém, com o decorrer do filme, Aaron vai demonstrando ter muita personalidade e profundidade. Macfarlane conquista com uma atuação na intensidade certa, sem exageros, que esbanja sinceridade e, em certos momentos, uma quase ingenuidade, que bate de frente com a malícia de Bobby. Aaron, diferente de seu interesse amoroso, é muito contido, e isso leva os dois a conflitos que o forçam a expor toda a insegurança que esconde atrás de seus músculos.
Bros conhece suas personagens bem, e as conduz por uma narrativa coesa, que sempre as levam a conclusões plausíveis e satisfatórias.
E satisfatório é um bom adjetivo para Bros. O filme foi concebido por uma realização muito simples, mas o argumento leve e simpático e a edição dinâmica do filme, fazem dele uma experiência gostosa de se apreciar. É certo que, em raros momentos, há uma certa falta de capricho na edição, e pode-se perceber falta de sincronia em racords entre diálogos. Mas, por mais que esses descuidos gerem estranheza e comprometam um pouco a imersão no filme, não há interferência no seu ritmo contagiante e, no fim, isso é o que realmente importa.
Há muito o que rir em Bros. Entretanto, há também muita emoção. Estaria mentindo se dissesse que o filme me levou às lágrimas, mas o texto do longa é concebido com sensibilidade, e sabe mesclar humor e emoção de maneira exemplar. A comédia não ofusca a dramaticidade, e o drama não destoa do restante do filme, o que garante um tom constante de leve melancolia que resulta bem.
O filme é principalmente voltado para o público lgbtqia+, mas não é excludente de maneira alguma. Bros conversa com seu público de maneira honesta e provocativa, com discursos relacionáveis ao público alvo, e críticas constantes aos comportamentos e cultura dos demais espectadores. Como parte do segundo grupo, posso afirmar que Bros é muito eficiente em fazer rir, refletir e se emocionar, simultaneamente.
Bros é debochado, carismático e gostoso de se assistir. Sem medo de ser expositivo, o filme conquista com ótimas personagens, que são compostas por um texto sensível, e atuações no ponto certo. As duas personagens de destaque são opostas em tom e representação, mas se complementam com uma harmonia que contagia cada aspecto desse divertido filme.
Caramba mano. Desculpe mas vi esse filme no lançamento e desde então, até revi para opinar sobre ele, não quase nada de positivo na obra, a não a grande holofotação positiva ao casal. Billy está forçado e é justamento Luke que sustenta o filme (considerando como filme e não como gosto pessoal), o roteiro é ruim, a edição é amadora, a fotografia é mal aproveitada, é um desperdício de filme. Eu esperei muito por ele e veio isso! Enquanto construção de filme, In Front the Side , se sai melhor em todos os quesitos. E quando assistimos A Inspeção esse passa muita vergonha mesmo. Bora enaltecer filme bom pelo que ele é e não por ser apenas LGBTQIAP+. BJOS
Cara, eu gostei do filme e por isso o elogiei. Não fiz isso apenas por ser de temática LGBTQIAPN+. Tem certeza de que leu com atenção a crítica? Aprenda a aceitar opiniões contrárias a tua, e pare de ficar procurando justificativa para opiniões que divergem das tuas. Abraço.