Bullet Train é um louco comboio sem paragens

Bullet Train é um filme que tem um público muito específico. Digamos que se estão habituados a um tipo de cinema asiático de ação, louco, com poucas regras e onde os argumentos torcem-se e retorcem-se a cada cinco minutos, irão adorar. Filmes em língua inglesa como Lucky Number Slevin, Snatch ou Kill Bill têm também o seu direito a ser referenciados, mas muitas parecenças encontro com o – criminalmente pouco falado – sul-coreano Beasts Clawing at Straws, que mistura boa ação com comédia, sem se levar muito a sério, com personagens carismáticas e mudanças na história que vos irão deixar a cada cinco minutos com um sorriso de orelha a orelha.

A história é difícil de explicar porque isto vai acrescentando novos elementos, twists e novas conexões a todo e qualquer instante. A um ritmo alucinante. Muitas vezes no meio de cenas de combate. Muitas vezes com recurso a divertidos e espetaculares flashbacks.

Mas comecemos pelo início. Um assassino profissional que se considera azarado, conhecido como “Ladybug” – Brad Pitt – volta ao seu trabalho depois de algumas sessões de terapia. Para este dia é dele pedido que substitua quem era suposto fazer o trabalho – Carver – e é esperado que recupere uma mala que se encontra a bordo de um comboio de alta velocidade numa viagem entre Tóquio e Kyoto. Claro que isto é apenas a ponta do iceberg de uma história que incluiu a presença de vários assassinos profissionais a bordo de um comboio com resultados totalmente imprevisíveis.

Na realização temos David Leitch – o homem de Deadpool ou Atomic Blonde – que demonstra mais uma vez que tem jeito para este tipo de ação que se leva pouco a sério. Aqui vai ainda mais longe nas suas influências e não me admiraria muito que o estilo deste filme fosse descrito algures entre as obras Quentin Tarantino e Guy Ritchie. Essas influências estão claramente lá na edição bem flashy, mas também na realização, nos ângulos utilizados, nas cenas de combate e no diálogo ácido e rápido, de interação rápida, pouco realista, mas super-divertida. Isto é baseado numa obra japonesa com o mesmo nome, mas percebe-se por que é que Bullet Train começou como um sério filme de ação e acabou aqui. E percebe-se porque Leitch foi o escolhido para esta viagem alucinante. É a sua cara!

Ainda assim, o ritmo pode ser uma benção e uma maldição. O facto de tanta coisa acontecer ao mesmo tempo e de forma tão rápida pode ser demasiado para quem não esteja habituado a este tipo de filmagem e de mudanças de argumento (mas pensem o quão lindo isto deverá ser sob o efeito de substâncias ilegais…). Por vezes, sentimos necessidade de colocar no pause, mas…estamos no cinema! O cinema maximalista que já vimos este ano em filmes como Everything Everywhere All At Once e Elvis está definitivamente na moda e eu – como grande apreciador de longa data do mesmo – não me posso queixar nem um bocadinho. Mas admito que alguns possam sair daqui com uma certa dor de cabeça…

Seria de mau tom escrever uma crítica a esta obra, sem falar do seu fantástico elenco. Vamos lá? Brad Pitt, Joey King, Aaron Taylor-Johnson, Bryan Tyree-Henry, Andrew Koji, Hiroyuki Sanada, Michael Shannon, Sandra Bullock, Bad Bunny (!), Logan Lerman, Zazie Beetz e até cameos de Channing Tatum e Ryan Reynolds! Todos eles a divertirem-se tanto ou mais quanto nós e a trazerem o melhor de si e do seu carisma para o ecrã.

Recheado de acção e comédia, Bullet Train quer uma coisa acima de tudo: entreter. E, através de grandes atores e carismáticas personagens, fá-lo com distinção. Se gostam de filmes que não se levam demasiado a sério, que vos surpreendem a cada esquina e que vão acrescentando peças a uma história super rebuscada, isto é para vocês.


Bullet Train
Bullet Train: Comboio Bala

ANO: 2022

PAÍS: EUA; Japão

DURAÇÃO: 127 minutos

REALIZAÇÃO: David Leitch

ELENCO: Brad Pitt; Joey King; Aaron Taylor-Johnson; Bryan Tyree-Henry; Andrew Koji; Hiroyuki Sanada; Michael Shannon; Sandra Bullock; Bad Bunny; Logan Lerman; Zazie Beetz

+INFO: IMDb

Bullet Train

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