Revisualizando: Coraline é perfeito para a temporada dos sustos!

Hoje é dia 12 de outubro. Essa data é conhecida no Brasil como Dia das Crianças. Eu adoro tudo relacionado à infância, provavelmente por ter sido essa a melhor fase da minha vida. Quinta-feira, dia 12 é, também, dia de Revisualizando. Logo, senti que era inevitável escrever sobre esta época da vida de todos que passa tão rápido, e deixa tanta saudade. Perfeito, ou… quase. Percebo que quinta-feira, dia 12 de outubro, também é um dia que antecede uma sexta-feira 13! Ok, agora adicionamos mais tempero ao cardápio. Adoro terror, e este apreço me acompanha desde pequeno, mesmo que me tirasse noites de sono. Tenho agora um conceito interessantíssimo para minha resenha “tbtsiana”! E para completar, estamos em outubro, o mês das bruxas! O Halloween sempre foi muito significativo para mim, um momento de festividades e brincadeiras assustadoras. Excelente! Falta apenas encontrar a produção certa para contemplar com minha saudosa escrita.

A princípio, pensei em buscar no passado um filme de terror infantil, ou que fizesse uso de elementos halloweenescos, que tivesse me marcado muito. Algumas opções surgiram, mas havia uma que saltava sempre em minha mente, chamando muito mais atenção que as outras, implorando para ser escolhida: Coraline. Só havia um problema: apesar de conhecer a história do filme de cabo a rabo, eu nunca tinha assistido à animação. Talvez escrever sobre uma produção inédita para mim fizesse a proposta do texto perder um pouco do seu charme. Todavia, a ideia de finalmente assistir a Coraline, uma produção renomada que a tantos marcou, mas que escapou de rechear minha experiência infantil com o audiovisual, parecia irresistível. Então, depois de enfrentar alguma hesitação e insegurança em relação à perda do propósito de um conceito, ao meu ver, perfeito, fora decidido: o filme da vez deveria ser Coraline!

E eu não poderia ter sido mais feliz em minha decisão! Coraline pode não ter feito parte da minha infância, mas com certeza estaria entre meus favoritos caso tivesse entrado em contato com a obra na época. A animação do consagrado realizador Henry Selick é perfeita para a temporada de sustos! Temos as cores vibrantes que costumam acompanhar o Halloween; um visual cativante, que balança entre o divertido e convidativo, e o macabro e bizarro; o enredo fantástico, que abusa do surrealismo; e uma leveza impressionantemente dominante, que é tão segura de si, que permite a si mesma flertar com elementos adultos obscuros que, caso não fossem brilhantemente trabalhados como aqui são, exigiriam uma censura excludente para os menores de idade.

Coraline é puro charme, e parte disso vem do fato de o filme ser uma animação stop motion. Não é difícil encontrar, mesmo entre adultos, quem evite, ou pelo menos se sinta desconfortável com essa técnica de animação. O stop motion nasce de uma sucessão de fotos de objetos inanimados, que são manipulados, frame a frame, por mãos humanas, gerando, em posterior reprodução sequencial dos quadros, movimento. Logo, é inevitável que obras do gênero causem estranheza, por mais adoráveis e bem executadas que possam ser. Ou seja, a técnica de stop motion tem moradia fixa no vale da estranheza, o que pode ser, ao mesmo tempo, seu grande atrativo, e maior maldição, pois o desconforto que fascina a muitos, é extremamente repelente para outros. Assim sendo, Coraline se encaixa perfeitamente com as festividades do mês de outubro: um esquisito, fofo e assustador filme de terror infantil.

Mas Coraline é, acima de tudo, um filme para toda a família. Coraline conta com uma trama sobre descontentamento, afastamento, ressentimento e expectativas frustradas em torno de relações familiares. A obra conversa tanto com as crianças, como com os adultos. Fala com os pais, que, por vezes, deixam de dar a devida atenção às suas crianças; e fala com os filhos, que podem não entender a sobrecarga sofrida pela vida profissional de seus pais. Tudo enfeitado com uma fantasia de mundos paralelos e entidades bizarras, que não só embelezam a obra com sua extravagância e esquisitice, mas buscam encorpar um enredo que, na verdade, é muito simples, portanto, acessível. Coraline diverte, aflige, encanta, assusta, e dialoga com seu público com simplicidade, elegância e muito, mas muito carisma.

Coraline é um ótimo filme para se assistir no Halloween, especialmente para quem ainda é abençoado com a mente pueril da juventude. Não era exatamente o que eu procurava quando pensei no conceito deste texto. Melhor, se provou essencial para conversar novamente com a criança que ainda vive, e há de sempre viver, dentro de mim. Um exercício do qual procuro praticar regularmente, pois, além de prazeroso, penso ser necessário. Coraline é um deleite, uma obra capaz de encantar a qualquer pessoa, em qualquer idade.

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