O novo filme de animação e aventura da Disney Pixar, Luca, já pode ser visto no Disney+. Com Jacob Tremblay, – Luca – Jack Dylan Grazer – Alberto – e Emma Berman – Giulia – nos papéis principais, a animação conta a história de três jovens que vivem um verão inesquecível. Tendo como realizador e argumentista Enrico Casarosa, Luca tem uma história muito mais profunda do que apenas aquilo que está a superfície, não fosse isto mais um filme da Disney que todos fingem ser para os mais novos quando, na realidade, sabemos ser mais para nós – os mais velhos.
Duas criaturas marinhas iguais, mas diferentes, viram melhores amigos e partem rumo à aventura! Em comum, têm o desejo de conhecer e desbravar o mundo – numa vespa. De diferente, o nível de à vontade para fazerem-no. Enquanto Alberto parece não ter medo de nada, Luca ainda é novo nesta vida de quebrar regras e de silenciar Brunos… Juntos embarcam na maior aventura das suas vidas que os leva para um mundo que, a partida, não é o deles. (O desconhecido é sempre temido). Luca não é só um filme que fala sobre amizade, coragem, família, autoconhecimento ou amor, – pelos outros e por nós – Luca é um filme que nos mostra que as diferenças devem ser abraçadas e que o mundo pode sim ser um lugar para todos!
Enquanto via a animação não consegui deixar de fazer um paralelo com a educação que a minha mãe nos deu – a mim e ao meu irmão. Na sua maioria, as mães negras educam os seus filhos para uma realidade diferente. Somos proibidos de fazer certas coisas porque as nossas mães preferem prevenir que remediar e, muitas vezes, essa precaução sufoca. Falo de mães negras porque é a minha realidade, mas poderia falar de mães que educam filhos com deficiência ou com alguma particularidade que não se encaixe dentro da “normalidade” da sociedade. Por mais que entenda a frustração de Luca, com a maturidade que tenho agora, era impossível não perceber o lado da mãe. Afinal de contas, como é que uma mãe deixa um filho diferente aventurar-se num mundo onde não deverá ser aceite?
Mas até que ponto é justo que ele viva preso, com medo de mostrar o seu verdadeiro eu?
Na verdade, ambos estão certos.
Luca é um filme com uma mensagem maravilhosa, cenários lindos, desenhos bem conseguidos, que nos faz refletir e que emociona – pelo menos a mim. Tratando de uma forma dinâmica e “leve”, vários assuntos pesados, a animação consegue mostrar como ir em busca do novo pode ser maravilhoso. Apesar de tudo, o gostinho de «quero mais» juntamente com o «é só isto?» não me saiu da boca. Será que estava à espera de uma trilha sonora que ficasse gravada na memória? Ou talvez de algo que me prendesse, verdadeiramente, do início ao fim? A verdade é que, na primeira meia hora, senti sempre que faltava alguma coisa… mais tarde, esse buraco foi tapado por Giulia – a peça que faltava mas que não foi suficiente.
Mesmo não tendo ficado com uma espécie de “Let it Go” – Frozen – ou um “You’re Welcome” – Moana – na cabeça, Luca deixou a sua marca: «Silêncio, Bruno!». Depois de todas as lições que o filme tem para ensinar, essa talvez seja das mais importante: todos devemos silenciar os Brunos das nossas vidas e partir rumo à aventura mesmo que, no final, aterremos com a cara na areia.