Quando Escape Room saiu em 2018, poucos esperavam algo de sensacional. Baseado no conceito de escape rooms que agora está tanto na moda e diverte grupos pelo mundo fora, o filme procurava transformar esse conceito em verdadeiros labirintos de morte e terror. Era um filme mais virado para um público adolescente e as comparações com uma versão mais light de Cube ou Saw eram mais do que esperadas. No entanto, o filme apresentou a sua própria identidade, ofereceu diversão e momentos excitantes, sem procurar ser muito mais do que isso. Resultado? De um orçamento de 9 milhões, a Columbia Pictures arrecadou mais de 150 milhões em bilheteira, dando luz verde a esta sequela.
Neste 2º capítulo, Taylor Russell e Logan Miller regressam nos papéis de Zoey e Ben, como únicos sobreviventes do primeiro conjunto de puzzles e, mais uma vez, sente-se que este é um filme – ou uma franquia, agora – muito mais de Taylor Russell do que de qualquer outro interveniente. É de Zoey de quem tudo se espera e, mais uma vez, sente-se que quase todas as importantes decisões do filme passam pelas suas mãos. Aliás, é mesmo assim que a história se inicia, com Zoey a convencer Ben a irem à procura da estrutura da organização internacional (Minos) por detrás destes jogos mortais (isto, depois de uns estranhos minutos iniciais a nos mostrarem os acontecimentos do primeiro filme, como se de uma série televisiva se tratasse). Ao tentarem encontrar Minos, é a organização que os encontra a eles, iniciando uma nova série de jogos, percebendo também que outro quatro elementos estão em jogo. E quem são eles? Vários vencedores de jogos anteriores!
Pouco mais irei falar sobre o plot. Há algumas interessantes reviravoltas, há um final, no mínimo, curioso e acredito que se irão entreter com o que tem para vos dar a nível narrativo, sem ser nada de transcendental. Em relação às personagens, mais uma vez, Zoey está acima de todas as outras, sendo que todos os outros jogadores parecem atores secundários, não havendo sequer muita informação acerca do seu passado (algo que o primeiro filme fez melhor). Mas aqui nós estamos para bloquear um pouco o nosso cérebro e deixarmo-nos ir na aventura. E nisso Escape Room 2 é o melhor e o pior de dois mundos.
Sim, as personagens tomam decisões manifestamente estúpidas. Sim, as mesmas personagens têm capacidade de, por vezes, ligar elementos e raciocinar algo em menos de um minuto quando, provavelemente, outras 100 pessoas não o fariam nem com 10 minutos. Sim, há situações bastante improváveis, há chuva ácida que parece não salpicar e, sim, muita coisa difícil de explicar acerca da engenharia por detrás daquele final. Mas, sim, o os efeitos especiais são bastante bom, as salas são ainda melhores e maiores que as do primeiro filme e é impossível este capítulo nos aborrecer, tamanha a tensão e ambiente eletrizante que cria (talvez com um pouco de gritaria a mais). Não há nada de muito especial a mencionar em relação a outros aspetos técnicos – além dos bons efeitos especiais – sendo que a banda sonora cumpre (pouca se dá por ela na verdade) e a cinematografia mantém aquele tom escuro, acizentado, que caracterizou o primeiro filme e do qual continuo a gostar e considerar adequado.
Há dias em que podemos escolher entre lagosta, picanha ou fast food e o que nos apetece mesmo é fast food. Esta sequela é, por vezes, estúpida, ilógica e cheesy. Mas sabe que melhor que um cheeseburger, é um double cheeseburger, dando-nos o dobro da tensão, o dobro da qualidade das armadilhas e o dobro de Zoey. Não há nada de errado num cheat day na nossa dieta e Escape Room 2 saciará esse apetite.