Filmes de localização única – ou quase – são sempre difíceis de analisar. Depende muito do espetador e de como está disposto ou não a comprar a premissa. Aqui isso torna-se difícil porque não é uma ida à praia – The Shallows – ou algo que todos nós fazemos com regularidade. Aqui falamos de escalar sem autorização e com a segurança mínima – ou sem ela – o topo de um dos edifícios mais altos dos EUA. Isto faz com que fique difícil identificarmo-nos com as escolhas das personagens porque a verdade é que a maioria de nós nunca poderia estar naquela situação.
O filme começa uns meses antes quando Becky vê o seu namorado cair num acidente num destes exercícios de escalada. Desde aí a jovem não é mais a mesma, afasta-se do pai a cada momento e nada a parece animar, mas lá é convencida pela sua melhor amiga – que também estava presente no fatídico dia – a embarcar em mais uma louca aventura. Tudo muito bem até que…claro, vocês adivinharam: a torre abandonada não estava lá nas suas melhores condições e tudo o que permitiu às jovens subir deixa de existir. Presas no topo de uma torre com mais de 600 metros, como irão elas sair dali?
Ponto prévio: Isto tem um orçamento de apenas 3M de dólares e não parece nada. Com esses 3M foi capaz também de nunca ser uma obra secante e consegue sempre manter-nos o interesse. É certo que alguns acontecimentos são difíceis de engolir e que certas coincidências parecem estar lá só para manter o filme vivo, mas também é certo que raramente nos permite desviar o olhar. Não é um filme demasiado ambicioso na sua mensagem. É, aliás, bastante simples: quer-nos mostrar um arco de uma personagem que precisa de ultrapassar um trauma do passado e os medos que daí advém. É isto. E fá-lo de uma forma direta, adicionando ainda mais informações traumático e um outro evento traumático.
Do ponto de vista técnica é impressionante o que foi alcançado e principalmente para quem não tem muito gosto por alturas – c’est moi – é fácil começar a suar das mãos, tremer as pernas e sentir o pânico que passa pela cabeça daquelas moças. As atuações são q.b.. Resultam na maioria do tempo, embora, uma ou outra vez, tenham momentos que mais parecem saídos de uma série da MTV.
De qualquer forma, isto resulta. Para quem gosta de filmes de localização única, para quem (não) tem medo das alturas e para quem não se importe de ver personagens a meterem-se em problemas só porque sim, Fall é um filme que não inventa a roda, mas entretém e cumpre o seu objetivo.