“Fantastic Beats: The Secrets of Dumbledore” é o melhor filme da saga, mas ainda vive na sombra de Harry Potter

A nova saga do “Wizarding World” ainda parece viver na sombra do rapaz que sobreviveu, uma das maiores e mais bem sucedidas sagas cinematográficas! Mas David Yates seguiu alguns dos conselhos das criticas do segundo filme e apresentou-nos o melhor filme desta saga prelúdio.

O começo tem tanto de bom, como de mau. Vou ser sincero, assustou-me. Tal como o primeiro filme começou com a personagem que mais destaque teve ao longo do filme (Newt), e o segundo repetiu a lógica e a influência da personagem que dá nome ao filme (Grindewald), este terceiro capítulo deu a introdução a Dumbledore. E deixou o amor dele por Grindewald estampado, para não haverem mais pessoas ingénuas a dizerem que eles eram apenas “grandes amigos”… Mas não ficou por aí. A introdução também nos entregou logo um duelo mágico para nos deixar presos à cadeira. E, sem adiantar muito, posso dizer que foi um duelo que mais parecia retirado do Bambi. E fez alguns graúdos, sentados ao meu lado, chorarem baba e ranho. O pior da introdução foi a chegada de Mads Mikkelsen.

Já não via essa susbstituição com bons olhos. Gosto muito de Mads e acho que tem todas as características para um vilão, mas falta-lhe a loucura de Depp. E isso sente-se. É como se Grindewald tivesse mudado completamente. Se o Grindewald de Depp era louco e ansiava por grandeza, o Grindewald de Mads é muito mais frio e calculista. Não estou a criticar o desempenho de Mads, mas sim a mudança que trouxe para o personagem. Ainda mais quando o filme começa daquela maneira sem sequer o apresentar. Ouvi muitos “Não estou a perceber” e “Quem é aquele?”. Provavelmente nem todos estavam a par desta mudança, e o facto do olho de cor diferente (imagem de marca de Grindewald) não ser bem visível prejudicou um pouco o entendimento do público mais desatento.

A ascensão de Grindewald é muito semelhante á de Hitler, e o filme faz um claro paralelismo á ascensão do fascismo na Europa nos anos 30. Afinal, esta versão fria e calculista do Grindewald de Mads não passa de um populista que consegue convencer várias pessoas a juntarem-se à sua causa. E, visto desta maneira, Mads está mais à altura do papel que Depp. Embora lhe falta aquele toque de loucura, característico de Depp…

De resto foi tudo perfeito. A saga mantém a ousadia de viajar pelo mundo e dar-nos a conhecer outros costumes e tradições deste enorme mundo mágico. Inglaterra, Alemanha e Butão são os países onde se passa a maior parte da acção. Sendo que também temos vislumbres do Brasil, EUA, etc. Tal como disse, Yates provou que ouviu com atenção e tentou melhorar os aspectos mais criticados do segundo filme da saga, como a aparição de “monstros fantásticos”. Que, para além dos mais conhecidos, temos ainda a apresentação de várias outras criaturas fantásticas. A imaginação dele e de J.K. Rowling não tem limites! Mas Yates também provou que não ouviu tudo o que os críticos disseram. Ou melhor, ouviu apenas o que lhe interessou. E continua a dar todos os easter eggs e referências possíveis. Mesmo que, por vezes, acabem por falhar e ser criticados pelos erros de continuidade. Mas é isso que vende hoje em dia, não é verdade? A Marvel que o diga…

O elenco continua a ser fantástico e cada vez mais abrangente e inclusivo. Kowalski continua a ser o personagem mais querido do público. E a família Dumbledore tem ocupado cada vez mais espaço dentro da saga deixando Newt como um coadjuvante de luxo. Espero que isso não traga mais erros de continuidade à franquia. Especialmente porque tocam muito ao de leve em assuntos já conhecidos do público, e vão a fundo em assuntos completamente novos e desconhecidos. E sem adiantar muito do filme, a história de Credence parece estar perto do fim. Será que vamos voltar a ver Ezra Miller? Espero que sim. Espero que não desapareça como Tina.

“Fantastic Beasts: The Secrets of Dumbledore” tem visuais fantásticos, uma fotografia linda, e paisagens que dão cor a este mundo mágico. Uma banda sonora de se tirar o chapéu, e aquela que podia ser uma conclusão fantástica para a saga. Embora tenham adiado esse final.

David Yates corrigiu alguns dos erros que a critica apontou ao segundo filme da saga, e ignorou outros. Mas no meio de erros e acertos, trouxe-nos o melhor filme da saga e aquela que podia ser uma conclusão fantástica. Embora saibamos que a história não fica por aqui.


Fantastic Beasts: The Secrets of Dumbledore
Monstros Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore

ANO: 2022

PAÍS: EUA, Reino Unido

DURAÇÃO: 142 min.

REALIZAÇÃO: David Yates

ELENCO: Eddie Redmayne, Jude Law, Ezra Miller, Dan Fogler, Mads Mikkelsen

+INFO: IMDb

Fantastic Beasts: The Secrets of Dumbledore

Previous ArticleNext Article

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *