GRIMMFEST’22 (2/3): The Goldsmith, Night Sky, The Price We Pay, Cult Hero

Foram quatro os filmes vistos neste sábado do Grimmfest e não se pode dizer que o salto tenha sido positivo. Depois de uma sexta-feira em que quase tudo correu bem, este dia provou ser um amargo de boca em três das quatro obras vistas.

The Goldsmith

Itália

The Goldsmith IMDB

Um trio de criminosos assalta uma casa isolada em busca de ouro, pois essa é a morada de um ourives que produz peças na sua própria casa. Lá dentro, as coisas não correm como o esperado e talvez este velhote e a sua esposa não sejam pessoas com quem eles se deveriam ter metido. Quando soube acerca deste filme, de imediato tive receio que o seu conceito fosse demasiado semelhante a uma série de filmes que temos visto recentemente, com Don’t Breathe à cabeça. Isso acontece um pouco (embora não seja tanto uma caça de gato e rato), mas apesar de tudo não é esse o seu maior defeito.

O filme começa bem. De imediato percebemos que os valores de produção estão a bom nível, com destaque para a fotografia do mesmo. A invasão acontece, os papéis invertem-se e tudo continua muito interessante até sermos introduzidos a um certo monitor que permite comunicação entre o trio e a dupla de velhotes e o filme decide deixar de lado qualquer tipo de atmosfera mais pesada para se tornar demasiado guiado pelo diálogo. E pior, este não se sente natural em vários destes momentos, nomeadamente quando as personagens reagem às acusações/surpresas.

Apesar de ter interessantes atuações e de apresentar algumas imagens marcantes – principalmente durante o seu último ato -, o maior pecado de The Goldsmith é que não nos consegue manter interessados nos momentos em que deveríamos estar em pulgas para ver e saber mais. Chega a um momento em que começamos a ficar cansados e aborrecidos com o que vemos e apenas queremos que o final chegue rápido.

Night Sky

EUA

Night Sky IMDB

Um homem é gravemente ferido, mas encontra uma mulher que o promete curar se ele concordar em fazer uma viagem de carro com ela. Na manhã seguinte ele está miracolosamente curado e os dois partem na sua viagem enquanto um assassino os persegue…

Já fui a funerais bem mais entretidos do que isto. Vocês sabem o que é preciso para eu dar uma estrela? Vocês sabem o que é preciso para eu dar uma estrela a um filme que inclua aliens? Não gosto de falar muito quando detesto tanta coisa num filme. Houve uma coisa que gostei: a fotografia. Só. Uma ou duas piadinhas resultam. Nada mais. Nem as atuações de um leque de bons atores que parecem amadores por aqui. O script é mau, péssimo. Com uma história bastante simples, ainda assim é o péssimo diálogo que leva o destaque.

A única coisa que me fez aguentar estas agonisantes horas – e o filme até tem a lata de usar esta expressão no seu texto – foram apenas algumas cenas que foram engraçadas de forma não intencional. Mas de tão mal criadas, tão mal expostas, tão mal desenvolvidas, só pude mesmo rir. Só isso me impediu de não adormecer profundamento neste festival de aborrecimento. E arrependo-me de não o ter feito. O pior é que são várias as cenas em que quase imagino o seu criador a colocar certos elementos no ecrã e a pensar “vêem o quão bom eu sou?” e se vocês me conhecem, pretensiosismo é algo que não suporto.

 

The Price We Pay 

EUA

The Price We Pay IMDB

Um assalto corre mal e um trio de assaltantes é obrigado a procurar refúgio numa quinta isolada e trazem consigo uma refém. Acontece que os ocupantes daquela casa talvez sejam piores do que eles…Pode parecer uma premissa muito parecida com a de The Goldsmith, mas é um género totalmente diferente.

Os filmes de Kitamura nem sempre resultam comigo, mas já me apercebi que não é só pelo facto do realizador misturar coisas que aprecio muito com coisas que não aprecio tanto…na verdade, tem muito a ver com o meu estado de espírito e como “entro” ou não no filme, pois são filmes pesados e sombrios, não existindo um enorme desenvolvimento a nível de história. Depois do sofrimento de aborrecimento que foi Night Sky, tive que me reabastecer com 500ml de Monster Energy e estava preparado para o pior, portanto tudo o que veio foi…música para os meus ouvidos.

Como thriller relativamente sério, isto resulta bem por quase dois inteiros atos, com algumas boas personagens e outras tão irritantes quanto vuvuzelas nos meus ouvidos durante 90 minutos. Aí quando tudo começa a ficar mais previsível e repetitivo, o filme saca da sua arma secreta: níveis absurdos de violência gratuita, sangue por todos os lados e algumas das cenas mais originais dos últimos tempos. Ri-me com isto tudo como era mesmo a intenção do seu autor. O último ato é brutalíssimo, é over-the-top, mas diverte a valer e esta dose de adrenalina era tudo o que eu poderia pedir depois da traumática experiência anterior. Uma curiosidade: no meio de um elenco tão conhecido, foi a jovem Gigi Zumbado que se revelou a maior surpresa.

Cult Hero 

Canadá

Uma mulher desconfia que o centro de recuperação onde o seu marido está internado é parte de um culto religioso e por isso contrata Dale Domazar, um famoso e patético “caçador de cultos”, caído em desgraça. A premissa de Cult Hero é interessante e sabia onde estava a meter-me. Uma comédia com muito sangue à mistura que tem algo de interessante a dizer mas sempre pela via da paródia e do ridículo.

O filme tem o seu interesse e percebo que deverá resultar melhor para uma audiência norte-americana (ou acompanhado por uma audiência norte-americana), mas é um conceito demasiado exagerado e demasiado patético para conseguir manter o interesse durante 90 minutos. Acredito que poderá vir a ser fonte de vários memes e até vir a ganhar um cultozinho de seguidores, mas é uma ideia cansativa e tamanha idiotice poderia ter resultado fantasticamente numa curta, mas não tem pernas para uma longa. A personagem principal tem algumas tiradas engraçadas, mas depois de algum tempo torna-se sofredor ver tamanha patetice.

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