Costumo gostar, e muito, dos filmes realizados por Wes Anderson. Não assisti a todos, mas, por mais que minha experiência com suas obras tenha sido, até o momento em que assisti ao curta que recebe esta resenha crítica, prazerosa, tenho hesitação em conferir algumas produções do cineasta. O fato que me afasta dos seus filmes mais recentes, é a perceptível limitação auto imposta pelo autor, da sua forma cinematográfica excêntrica. Wes Anderson parece estar preso a vícios formais que o impedem de evoluir, e o convencem de que o mais do mesmo, elevado a maiores níveis de exagero a cada nova obra, é o melhor caminho a percorrer. Logo, o que antes fora inovador e empolgante, acaba se tornando repetitivo e maçante.
Mas bem, isso tudo não passava de um preconceito meu, baseado em comentários de terceiros acerca das mais recentes obras do realizador, e nos trailers de anúncio dos filmes. Até que, infelizmente, com a missão de discutir o mais novo filme de Wes Anderson, The Wonderful Story of Henry Sugar (A Incrível História de Henry Sugar), tive a confirmação de meus temores: a experiência foi intragável!
O curta, inspirado na obra original de mesmo título do autor Ronald Dahl, e produzido pela Netflix, é apenas mais um show de excentricidade e pretensiosismo do realizador. Os elementos que costumavam ser o charme do cinema de Wes Anderson, como o grande uso de simetria em seus quadros, as paletas de cores saturadas, e a proposital artificialidade dos cenários e atuações, tendem a cada vez mais tomar conta total de seus filmes. O que era um toque interessante e inovador, que agregava originalidade em suas obras, passou a ser uma compulsão pela forma e o exagero, que afoga qualquer boa vontade de se contar uma história.
The Wonderful Story of Henry Sugar é tremendamente cansativo. As atuações apáticas e a narração fria do texto poderiam até funcionar como um breve recurso de alívio cômico em algum filme longa metragem, porém, em um curta carregado de meia hora de uma mesma ideia sendo repetida de novo, e de novo, e de novo, não há como fugir do mais absurdo e torturante tédio. Wes Anderson é como uma pessoa que contou uma boa piada, fez todos rirem, e simplesmente não soube mais a hora certa de parar, chegando ao ponto de exaurir qualquer resquício de potencial cômico antes existente em seu humor.
A colaboração de Wes Anderson com a Netflix gerou mais três curtas além de Henry Sugar. Todos adaptando Dahl, e usando o mesmo tipo de linguagem. Já que estou escrevendo sobre um deles, sinto que devo contemplar os outros também (suspiro). Me desejem sorte, caros leitores. Pois, além de ter de suportar mais vários minutos de puro tédio, precisarei de muita inspiração para conseguir escrever algo melhor do que meras cópias deste texto aqui.