Jackass 4.5 (ou como ser contra a eutanásia ou o suporte artificial de vida)

É oficial. Cresci. Isto não é para mim.

Jackass fez parte da minha adolescência com diferentes ênfases sobre o que me fez rir.

Primeiro foi o choque das acrobacias. Ri-me de espanto de como estas pessoas deliberadamente se magoam para entreter.

Depois foi a criatividade. Ri-me de como estas pessoas são criativas para deliberadamente se magoarem para entreter.

Depois foi o exagero. Ri-me de como estas pessoas são exponenciais a ultrapassar o mero conceito de coisas no rabo, coisas no pénis, coisas na boca, em simultâneo e sem ordem em particular, para criativamente serem deliberadas a magoarem-se para entreter.

Depois foi a consistência. Temporada após temporada, filme após filme, spin-off após spin-off ri-me de como estas pessoas se mantiveram vivas por tanto tempo a fazer a mesma coisa com a tentativa genuína de se superarem no exagero, criatividade, choque e entretenimento.

Agora, do alto dos meus 32 anos, já não rio de qualquer coisa. Não é qualquer pessoa que pisa cocó na rua que me faz rir. Não é qualquer deputado de discurso extremista que me faz rir. Não é qualquer confronto armado a dois dias de distância que me faz rir. Não é qualquer escândalo de corrupção no desporto que me faz rir. Não é o mundano que mexe com os meus sucos humorísticos por si só. Sou eu que rio com o que interpreto do que o mundo e a vida me dão.

Talvez apenas tenha mais do que fazer do que apenas contemplar humor. Mas respirei fundo e abri o VLC para isto.

Jackass 4.5 tem a sua premissa estabelecida nos primeiros 15 minutos do filme: pretende-se passar o testemunho para prosseguir com o legado. Substituo graciosamente “legado” por “negócio” e para mim funciona. Já não menosprezo tanto. Afinal de contas, de todo o elenco lendário destes degenerados profissionais, só nem mão-cheia singrou noutras avenidas e até para estes todos, não é sustentável comer omeletes regurgitadas em vómito para toda a vida para pagar as contas.

Poderão eles não admitir, mas também cresceram. Cresceram disto. Todos eles. Uns cresceram para a cova. Outros cresceram para o irremediável abuso de substâncias. Mas todos eles cresceram disto.

E nota-se.

Teve piada comigo com quinze anos a ver gandulos de vinte e tal televisivos a fazer coisas com e nos seus próprios corpos que nem eu naquela idade me atreveria por respeito próprio inato. Agora já não. Não para mim.

Fui ver melhor sobre esta coisa filmada e tropecei na informação de que é uma compilação de outtakes do filme Jackass Forever também deste ano.

Não vou ver esse para contextualizar este texto. E confesso ter visto apenas 30 minutos deste para formar esta reflexão. Vou agora continuar a ver, depois de depositar estes pensamentos, sem qualquer peso na consciência.


Jackass 4.5
Jackass 4.5

ANO: 2022

PAÍS: EUA

DURAÇÃO: 90 min.

REALIZAÇÃO: Jeff Tremaine

ELENCO: Johnny Knoxville, Steve-O, Chris Pontius

+INFO: IMDb

Jackass 4.5

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