Mais um thriller japonês presente nesta edição do MOTELX, Lesson in Murder é um filme sobre um serial killer que já foi capturado e já está preso. Ele confessa ter morto dezenas de jovens, conseguindo-se provar oito dessas mortes. Acontece que uma dessas não é sua obra, segundo o mesmo, o que parece fazer sentido, uma vez que não corresponde ao seu modus operandi. De forma a provar que há um outro assassino à solta, ele utiliza o jovem Masaya com quem troca correspondência e com quem tem um passado em comum para tentar desvendar esse caso.
É um thriller japonês e, como já estamos habituados, nem tudo é aquilo que parece. Acontece que Lesson in Murder é, apesar dessas suas reviravoltas, de certa forma, previsível por largos momentos. Nós sabemos onde vamos chegar, sabemos com que personagens nos vamos voltar a cruzar, embora o desfecho – e, principalmente, a sua mensagem – até acabe por surpreender. Apesar de por vezes ser um thriller investigativo genérico, a interpretação de Sadao Abe como o assassino Yamato acaba por valer, por si só, o ingresso.
Conforme o filme se vai desenrolando – ou, por vezes, enrolando – vamos também percebendo o que o seu autor quer daqui. O mais importante não é o lado de thriller investigativo – que dado os elementos gore que apresenta poderia ter sido algo bastante interessante – mas o lado dramático onde explora traumas de infância, manipulações e como tudo o que nos rodeia vai acabar por nos influenciar e levar a ser aquilo que não era suposto sermos.
Do ponto de vista técnico, Shiraishi é um realizador de créditos firmados e percebe-se porquê. Quase tudo o que apresenta é feito com segurança, com qualidade, com alguns apontamentos acima da média, como uma interessante utilização do vidro que separa o assassino de quem o visita na cadeia (utilizando o efeito do espelho) e a forma como nos hipnotiza quando decide utilizar alguns close-ups de forma bastante eficaz.
Lesson in Murder é um bom filme, embora não explore todo o seu potencial. É um filme que funciona melhor como uma análise ao trauma e a relações entre adultos e jovens do que como thriller investigativo (embora o gore esteja à altura).