Injustiça social, uma espada de samurai, apocalipse e muito mais são alguns dos elementos que componhem este filme que não consegue ser salvo nem com a competente prestação de John Boyega que dá vida ao protagonista Casi. Realizado por Chase Palmer, Naked Singularity é uma pobre adaptação do livro de Sergio De La Pava.
Antes de mais nada, tenho de vos dizer que me senti enganada pelo trailer e pelo plot. Uma história que tinha tudo para dar certo, por ser tão intrigante e ao mesmo tempo abordar um tema tão importante quanto o mundo judicial. Um mix de fantasia com realidade, crime e comédia e ainda por cima com John Boyega no papel principal, parecia a concretização de um sonho, mas não foi. Assim que o filme acabou a primeira coisa que me veio à cabeça foi «o que é que o John Boyega pensou quando viu o filme?», porque francamente, que fiasco! Ok, eu mesma disse que a proposta do filme era interessante… um defensor público cansado das injustiças dentro do meio judicial decide roubar o dinheiro de um acordo de drogas de um cliente, isto tudo enquanto vê sinais do mundo a entrar em colapso. Interessante, certo? Sim, mas não foi e se eu fosse o John pegava naquela espada de samurai e ia ter uma conversa muito séria com Palmer. Neste drama, que também tem ficção científica e comédia, vemos uma tentativa rasa de profundidade que fica tão aquém das expetativas que acaba por ser doloroso de assistir. A falta de um vilão com “v” maiúsculo, de um enredo ritmado e de uma coprotagonista, no caso, Olivia Cooke, bem aproveitada foram alguns dos muitos erros deste que foi um filme de difícil digestão. Ah e era mesmo necessário terem dado tanta importância aquela espada de samurai ou fazerem do melhor amigo de Casi um palhaço autêntico? – E não, esta referência não tem nada a ver com o facto de Dane ter sido interpretado por Bill Skarsgard…
Ed Skrein junta-se à Boyega, Skarsgard e a Cooke, que interpreta Lea, neste filme que tenta de todas as formas ser alguma coisa e que, por momentos, até nos faz refletir, principalmente sobre o sistema judicial, mas que se perde a meio do caminho por tentar demasiado. Se por um lado estava a criticar o filme por demorar demasiado tempo a desenrolar, quando desenrolou parecia que não tinha um travão, especialmente com a relação de Casi e Lea, o que culminou num terrível acidente com poucos sobreviventes. A relação destes dois protagonistas poderia ter sido mais bem explorada para que depois fizesse mais sentido, mas a verdade é que quase tudo neste filme poderia te sido feito de uma outra forma. Tanto Boyega quanto Cooke, principalmente esta última, tiveram o seu talento disperdiçado e Palmer poderia ter utilizado este elenco para fazer um filme que não fosse uma tentativa falhada daquilo que era suposto ser.
Naked Singularity é um filme que até poderia ter potencial, mas desilude imenso. A falta de melhor uso dos seus protagonistas, especialmente de Cooke que é retratada como a mulher burra que só faz escolhas erradas e que precisa de um salvador, juntamente com um final que mais parece uma omelete sem ovos, fazem deste um desastre que poderia ter sido evitado.