Se Poison (Veneno) tem algo de positivo, é o destaque em Dev Patel. Em Henry Sugar, o primeiro dos quatro curtas resultantes da fórmula Netflix + Wes Anderson + Ronald Dahl, o ator já brilhava como o que mais se encaixava na aura esquisita do filme. Porém, não dá para escapar. O produto de tal equação é o mesmo para todos os exemplares: falta de alma e de carisma.
Pois bem, pelo menos, acho que devo ressaltar o bom trabalho do ator principal. Dev Patel apresenta um timing cômico afiado, que combina perfeitamente com a narração acelerada da qual o realizador escolheu para contar as histórias de seus curtas. Patel é dinâmico e, por incrível que pareça, minimamente orgânico em sua interpretação do formulaico texto. É interessante perceber como ele, diferente dos seus colegas, consegue entregar a proposta de Wes Anderson sem transformar-se em um robô sem vida, completamente mecânico. Patel é bom!
E quanto ao enredo de Poison: a história de Dahl é boa. É intrigante, mas tem o potencial de criar tensão totalmente desperdiçado pela apatia incessante da realização de Wes Anderson. É a mesma coisa de sempre, e, por isso, já estou me repetindo demais. Chega! Foram quatro filmes quase idênticos, analisados por quatro textos também muito parecidos. Ao fim de tudo, fica o apelo ao realizador: por favor, Wes Anderson. Repense seu fazer cinema.