The Rat Catcher (O Caçador de Ratos) é, dos quatro curtas nascidos da parceria de Wes Anderson com a Netflix, o mais tolerável. O filme é, de certa forma, um respiro entre uma obra gêmea e a outra, ainda que desconfortável. E isso se deve, quase que exclusivamente, pelo maior uso de diálogos em detrimento da cansativa narração fria da quadrilogia de curtas. É um alívio ver as personagens interagindo entre si de maneira mais natural (ainda assim, pouco), sem encarar a câmera com constantes olhares pretensiosos.
A personagem que dá nome ao filme, o caçador de ratos vivido por Ralph Fiennes, é interessante. O homem é esquisito e caricato, e envolto em certo mistério, o que nos ajuda a acompanhar o enredo até o fim sem tanto aborrecimento. E esse fator, assim como o maior uso de diálogos, não é muito, mas faz com que The Rat Catcher se destaque positivamente em relação aos seus irmãos hipsters e truncados.
Há uma brincadeira com elementos de terror nos momentos finais do filme. O resultado é curioso, pois demonstra que Wes Anderson talvez se saísse bem ao aventurar-se pelo gênero. Faça-nos este favor, tio Anderson: arrisque-se mais! Deixe suas manias de lado. Esqueça fórmulas batidas e repetitivas. Faz bem!