“Blood Red Sky” é o novo filme original da Netflix. E tanto podia seguir o bom exemplo de “Fear Street”, como podia falhar miseravelmente como “A Classic Horror Story”. O filme alemão trazia consigo a premissa dos filmes clássicos do século XX. Mas acabou por ser mais um “Drácula 2000” com sotaque de “Alerta Cobra”!
O enredo do filme é focado em Nadja (Peri Baumeister), uma mulher doente, e seu filho Elias (Carl Anton Koch), que embarcam num avião para Nova York. Eles vão ao encontro de um médico nos Estados Unidos, que possa curar a sua grave doença. Mas o avião acaba por ser sequestrado por terroristas. E acabam por revelar que Nadja não sofre nenhuma doença. Afinal, ela é uma vampira que luta contra a sua própria identidade. Tentando ao máximo conter o monstro sedento por sangue que tem dentro de si, para poder criar o filho em paz. Mas á medida que os sequestradores vão ficando cada vez mais violentos e radicais, ela tem de decidir entre manter a farsa ou soltar a sua sede de sangue. E o momento alto é quando ela percebe que tem de soltar o monstro interior para salvar o seu filho. E essa decisão vai trazer consequências para todos no avião.
O filme começa logo por indicar que houve uma grande tragédia naquele avião, voltando depois atrás para nos mostrar o que aconteceu. E essa introdução, por si só, já nos deixa com a pulga atrás da orelha. E podemos ver logo de rajada que o filme se adequa no género de suspense.
Mas depois o filme abre espaço para tantas histórias, para justificar as 2h de duração, que acaba por se perder no meio. Afinal, grande parte dessas histórias são simplesmente descartadas num autêntico banho de sangue digno de um slasher.
E se alguns filmes (especialmente os que se passam em aviões) são criticados pela introdução demasiado longa para um período de acção demasiado curto, este é o oposto: Uma introdução fraca e demasiado focada apenas nos personagens principais (com a abertura de algumas brechas para outras histórias), e um período de acção extremamente longo e desnecessário. Que acaba por fatigar qualquer espectador. Ainda mais quando vemos a história a dar voltas e voltas, e não sair do mesmo sítio.
Ainda um pouco indeciso entre fazer um thriller de suspense, ou um slashser, o realizador aposta ainda algumas fichas num drama estereotipado. Onde temos Nadja, a anti-heroína vítima de uma maldição, que tenta fazer tudo para não se render á escuridão; Elias, a personificação de pureza e inocência, que ao longo da jornada é obrigado a amadurecer através de sacrifício; E Farid, o ajudante que é visto como culpado antes da grande revelação dele como o herói do filme.
Penso que a introdução, ainda que muito resumida, dos vilões é um dos pontos altos. Sendo que o líder (Dominic Purcell, experiente em filmes de vampiros) acaba por ser dos elementos mais “fracos”. Sendo que, para mim, o ponto forte dos vilões é Eightball (Alexander Scheer), um maníaco ao estilo de Joker!
A estética da vampira tem clara inspiração em “Nosferatu” e “I am Legend”, ficando óptima. Sendo que a única falha com a personagem foi humanizá-la demais para depois, no final, deixar-nos com uma enorme sensação agridoce.
Outro aspecto que estraga o resultado final é a explicação da origem de Nadja. Com demasiados flashbacks que quebraram o ritmo angustiante de suspense imposto desde o início.
Com excepção de algumas sequências de acção e performances sólidas, o resultado fica bem abaixo do esperado. O filme foca-se no drama da mãe para salvar o seu filho de um destino incerto. E é esse o plot que mantém o espectador de olhos no ecrã até ao fim.