Elenco e sangue salvam o fraco argumento de Renfield

Nem todos os filmes têm pretensão de ser uma obra-prima, certo? Às vezes só queremos mesmo passar um tempo divertido no cinema sem pensarmos demasiado no que estamos a ver. Renfield apresenta essa proposta e para isso conta com um forte elenco que foi bastante bem escolhido, o que talvez seja mesmo o que salva o filme. 

Nicholas Hoult é a escolha perfeita para o papel principal de Renfield, que serve como fiel assistente de um adormecido, mas a recuperar os seus poderes, Conde Drácula. E quem melhor para o papel de Drácula do que o carismático Nicolas Cage? Cage encaixa tão bem neste papel que fiquei a desejar que, além desta versão, ele pudesse também viver uma versão mais séria do mais famoso vampiro no grande ecrã. E como ele se parece divertir no papel desta clássica e – neste caso – divertida personagem! 

A química entre os dois e a forma como os mesmos entregam cada momento que têm à sua disposição é o que torna este filme tolerável e até recomendável caso não tenham expectativas demasiado elevadas. É verdade que as tiradas cómicas resultam bem melhor no primeiro ato do que no resto do filme, mas a dupla sempre nos vai mantendo interessados em acompanhar o que têm para nos dar num filme que visivelmente sabe o que é e que nunca se leva demasiado a sério, seja na forma como apresenta os seus vilões, as suas vítimas ou uma equipa policial tão corrupta quanto violenta.

A história do filme e o seu guião estão longe de estar entre os pontos fortes. Há aqui muito descartável do lado dos vilões, que são bastante unidimensionais, mas também a própria sub-história de Rebecca (Awkwafina) é forçada e pouco convincente, ainda que a atriz tente o seu melhor para retirar o máximo da descompensada e até pouco consistente personagem que aqui vive. Não há muito no filme que fique especialmente na retina, às vezes até poderá levar o nosso interesse para outro lado, mas nunca é um filme que ofende qualitativamente em nada do que faz, sendo que o que emprega a nível de violência e gore no ecrã é muito interessante e até surpreendente. Sempre que parece que está no caminho errado, há uma interessante setpiece que nos oferece doses elevadas de sangue e divertidas mortes no ecrã que nos permite receber todo o sangue de que necessitamos, tal e qual um vampiro.

Os visuais góticos são interessantes e as cenas que envolvem o grupo de apoio do qual Renfield faz parte estão também entre o melhor, com algumas divertidas frases vindas da boca destes personagens secundários. É também nesse ambiente que a nossa personagem chega a algumas importantes conclusões sobre a sua personalidade e sobre o seu modo de vida, indo – não muito a fundo – até temas como a co-dependência ou relacionamentos tóxicos. 

Não é uma obra-prima. Podem até esquecer rápido tudo isto. No entanto, volto ao início: tudo dependerá das vossas expectativas. Tem cenas engraçadas mas não tantas quanto eu esperava. Acaba por compensar isso com uma excelente dupla nos papéis principais – Hoult e Cage – e com uma violência e gore acima do esperado. Um filme para passar hora e meia de forma relativamente satisfatória.


Renfield
Renfield

ANO: 2023

PAÍS: EUA

DURAÇÃO: 93 minutos

REALIZAÇÃO: Chris McKay

ELENCO: Nicholas Hoult; Awkwafina; Nicolas Cage; Ben Schwartz; Shohreh Aghdashloo

+INFO: IMDb

Renfield

Previous ArticleNext Article

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *