O primeiro filme angolano da Netflix já pode ser visto na plataforma e o seu nome é Santana. A história contada em português e inglês, mostra-nos a saga de vingança de dois irmãos: Matias – interpretado por Raul Rosário – e Dias Santana – interpretado por Paulo Americano.
A co-produção angolana, que chegou às salas de cinema sul-africanas em 2016, foi escrita e dirigida pelo angolano Maradona Dias dos Santos e pelo norte-americano Chris Roland. O filme, que conta com uma grande produção, poderá, de certa forma, até ser equiparado a outros sucessos da plataforma no que toca aos efeitos visuais e cenas de ação.
A história começa a 14 de abril e sofre uma elipse que nos mostra onde estão os nossos protagonistas trinta e cinco anos depois da fatídica tragédia contada nos primeiros minutos. Dias, que agora é agente da Direção Nacional de Investigação Criminal, e o seu irmão Matias, agora general, possuem a missão de capturar Makimba Ferreira o maior traficante de armas e drogas em Angola e África Central. Interpretado por Rapulana Seiphemo, Ferreira acaba por ser o antagonista e principal foco dos irmãos Santana. Durante o período de busca pelo suposto vilão da trama, os protagonistas podem contar com a ajuda da Agente Célia – Neide Van Dúmen -, a grande estrela feminina.
Envolta por uma grande qualidade de imagem e por um excelente jogo de iluminação, a longa-metragem tem um início interessante que guia o resto da narrativa. Mas se os primeiros minutos de filme conseguem, de certa forma, cumprir a sua função, o que dizer dos restantes?
Se por um lado, a longa-metragem possui um enredo interessante, por outro, os diálogos e as cenas de tensão deixam muito a desejar e o problema não está na história e sim nos actores! Os protagonistas, em vários momentos, são eclipsados pelos vilões que conseguem passar muita mais verdade aos telespetadores. Tanto que, em um dos momentos fulcrais para a história onde Dias e Matias tinham tudo para nos deixar deslumbrados, não consegui deixar de ficar com aquela sensação de «é só isto?!». Com uma troca de diálogos pouco convincentes, os irmãos Santana poderiam facilmente ser vistos como duas personagens secundárias, com excelentes cenas de ação. E será que essas são as únicas falhas?
A resposta é não.
Outros pontos que merecem atenção passam pelas sequências românticas e as cenas de cariz cómico. Neste primeiro ponto, mesmo que a química entre os atores tenha sido bem conseguida, a rapidez com que tudo se desenrola acaba por deixar a narrativa pouco convincente. Para além disto, as cenas humorísticas, que de humor têm pouco, acabam por deixar o filme aquém de um início tão promissor.
Apesar de todas as suas falhas, de uma forma geral, a produção até foi bem conseguida. Com um twist, – passo a redundância – inesperado – e um ótimo cliff hanger, a longa-metragem de Maradona dos Santos e Chris Roland, mesmo tendo mais erros do que acertos, consegue prender o telespetador em alguns momentos e cumpre o papel que lhe cabe – entreter.