Palavras para quê?… Sisu é bálsamo de entretenimento, tensão, frenesim e conexão entre o espectador e o filme. Isto tudo numa premissa simples, directa ao assunto, crua e violenta.
Sisu tem:
– Valhalla Rising (2009). Um protagonista calado, mudo. O paisagismo, o requintado bom-gosto na captura de tensão crua. A banda-sonora que adensa essa tensão e joga com a nossa adrenalina como se fôssemos a prima ballerina do Lago dos Cisnes;
– First Blood (1983). Um tipo (ao qual nada se sabe) segue o seu caminho é acossado, sem qualquer interação ou provocação. É a demonstração de “mexer com quem está quieto”. A construção da aura imparável e implacável do protagonista acontece em crescendo, com recurso ao ritmo do filme, bem como diálogo expositivo necessário, pontual e bem doseado.
– Brawl in Cell Block 99 (2017). As acções e reacções falam montanhas por si. O protagonista é sobre-humano. A suspensão da descrença é requerida, mas com respeito e cuidado. Quando o filme já a tem de nós, aí já estamos demasiado embrenhados no que estamos a ver e por quem estamos a torcer para tecer interrogações de senso-comum ou assentes sob algum sentido crítico inocente de “espera aí…”
– Rambo: Last Blood (2019). Acção coreografada em consonância com quem a interpreta. Há coerência no tropo do exército de um só homem cuja letalidade aumenta e os combates e as suas durações diminuem à medida que o velho e cansado soldado de imensas guerras fica cada vez mais cansado, ferido e velho.
Jalmari Helander escreveu e realizou este filme. Jorma Tommila (seu cunhado) é o protagonista. Onni Tommila, seu sobrinho e filho de Jorma é actor secundário.
Tal como se passa a vida a elogiar tudo o que é de política, social, pedagógica e economicamente melhor que nós do que acontece nas “escandinávias”, não me sinto bem em invocar nepotismos ou tachinhos quando o produto final entreteve, amarrou e é tão belo como visceral nesta mui respeitadora hora e meia de Sisu.