Soul (USA, 2021)

Soul é a escapatória perfeita de um mundo infectado pelo Covid-19

Podia falar de toda a polémica envolvendo a dobragem do filme em português, mas vou deixar isso de lado. Até porque vi o original. E não digo isto por achar que é um assunto que merece ser desvalorizado. Digo-o porque uma falha (por maior que seja) da Disney Portugal não merece manchar a fantástica história de Soul.

O mais recente filme da Pixar, que estreou este Natal no Disney+, conta a história de Joe, um aspirante a pianista, que morre no dia em que ia realizar o seu sonho. Ele tinha esperado por esse momento toda a sua vida. E é isso que faz com que Joe não aceite a sua morte. Esse sentimento de negação no início salienta a visão que temos da morte, mas durante o segundo acto o filme transporta-nos para uma mensagem de reflexão sobre o que fizemos em vida.

Para onde vamos quando morremos? Qual é o nosso propósito? Estas são apenas duas das várias perguntas que nos fazemos desde que nascemos. E muitos de nós morremos antes sequer de as conseguirmos responder. E o filme traz uma visão interessante do Realizador Pete Docter. Primeiro vimos o Pós-Vida como uma passadeira em direcção á luz, num plano escuro, onde as almas aguardam o seu destino. Depois somos apresentados á sua visão do Pré-Vida, onde as almas, depois de completarem as suas personalidades, têm de saltar para um portal que os leva à Terra. Uma viagem retratada como um salto de fé. Uma viagem sem destino uma vez que as almas não sabem quem vão ser, sabem apenas que vão para a Terra com o objectivo de viver. Mas qual será o seu propósito? 

Estas e outras visões de Pete Doctor fazem de Soul um filme muito mais abrangente que um filme para crianças. Ele trata de questões complexas de uma forma tão simples, trazendo reflexões importantes na forma de criaturas fofinhas. – O filme é da Pixar, é preciso dizer mais alguma coisa? – No fim, a mensagem do filme, ou a moral da história, é para todas as idades. 

Soul fica ainda mais divertido e interessante quando conhecemos 22, uma alma que está há séculos a tentar completar a sua personalidade e ganhar uma oportunidade de viver. Mas ela não parece muito interessada nisso. Já passou por tantas reprovações que perdeu a vontade de começar uma vida na Terra. E é esse o fio condutor do resto do filme. Duas pessoas tão diferentes (uma que está disposta a tudo para voltar á vida, e outra que não encontra um propósito, um motivo para viver), que se completam numa aventura fantástica. E o que importa, não é o final, mas sim a viagem. E que viagem fizemos com esta dupla fantástica. E se a dupla é fantástica isso deve-se, em grande parte, à dinâmica fantástica entre Jamie Foxx e Tina Fey. 

Embora a Pixar volte a usar vários clichês típicos de seus filmes anteriores (Como um personagem á procura do caminho para casa), consegue aqui criar uma história completamente diferente, não acusando a falta de criatividade. 

E se terminares de ver o filme e ficares a pensar nas tuas próprias escolhas, não te preocupes. Soul é uma grande lição para aproveitarmos a vida. Os pequenos detalhes dela. Tudo o que nos traz felicidade. E é difícil não pensarmos no assunto depois de acompanharmos a vida e a morte de Joe. 

A mensagem final do filme trata-se apenas de darmos valor à vida e cada pequeno detalhe dela: A comida, a arte, os amigos, a família, a natureza, etc. 

Soul é uma mensagem de conforto para todos os que, pela pandemia ou outros factores, andam à procura do seu propósito para viver.

 


Soul
Soul - Uma Aventura com Alma

ANO: 2020

PAÍS: EUA

DURAÇÃO: 100 min.

REALIZAÇÃO: Pete Docter

ELENCO: Jamie Foxx, Tina Fey.

+INFO: IMDb

Soul

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