NOTA: Não confundir com o novo Spiral da saga Saw ou os inúmeros outros Spiral que têm saído ao longo dos anos.
Spiral, filme do Shudder – que se tem destacado no panorama do cinema de terror – tem sido, várias vezes, chamado de “Get Out” (Jordan Peele) para a comunidade homossexual. As parecenças percebem-se logo pela premissa inicial, onde que um casal gay se muda para uma pequena cidade do interior norte-americano e estranhos eventos acontecem desde a sua chegada.
É difícil falar muito do filme sem spoilar alguns dos acontecimentos que nos levam à sua conclusão, mas, ao longo dos seus menos de 90 minutos, somos convidados a observar o que se vai passando, sobretudo através da ótica de Malik, interpretado por Jeffrey Bowyer-Chap, naquela que é a atuação mais forte da película. Acontecimentos do passado marcam o Malik dos dias de hoje e deixam-nos, até ao final, a dúvida se tudo o que vemos está, de facto, a acontecer ou não. A insegurança de Malik é também a de todos nós, quando não somos aceite num determinado grupo social e o ator cumpre na perfeição aquilo que lhe é pedido.
A longa tem um bom ritmo, deixando-nos pistas aqui e ali, que nos deixam sempre a querer desvendar todo o mistério. Nesse sentido, e no sentido de sentimento de não-pertença a uma comunidade, as parecenças com “Get Out” são justas, mas o filme não tenta ser uma cópia direta da obra-prima de Peele, tendo também elementos perturbadores (principalmente quando a sua conclusão se aproxima), que nos fazem lembrar referências recentes do terror, como Hereditary (de Ari Aster).
Como pontos fracos, talvez possamos dizer que nunca chega a ser tão claustrofóbico quanto “Get Out”, nem tão inquietante quanto “Hereditary”, ficando um pouco no meio termo. Ainda assim, o filme de Kurtis David Harder, resulta bem como uma interessante obra de suspense e é especialmente importante nos dias atuais, pela crítica social que o mesmo faz, apontando o medo como uma arma utilizada por certos grupos para controlar a sociedade (no passado, no presente e no futuro).
“Eles têm medo de pessoas como vocês, e, quando esta onda passar, vão ser outros de quem eles terão medo”.