O filme conta a história de Ray Cooper, um homem de família que decide fazer justiça pela sua falecida esposa. Para isso ele tem de se vingar de uma gananciosa empresa farmacêutica que retirou do mercado o medicamento que poderia ter salvo a vida dela. Mas a sua procura por verdade mete-o a ele e à sua filha Rachel em perigo.
O realizador tem boas intenções. Ele queria fazer um filme de acção com conteúdo. Não queria que fosse só mais um filme de acção genérico carregado de murros e pancadaria, mas sem uma história por trás a guiar a trama. E, para isso, usou uma crítica às empresas farmacêuticas que apenas procuram o lucro, não se importando minimamente com quem “fica para trás”. Até aí tudo bem. Mesmo quando ele junta a tão usada trama do político corrupto que faz tudo para ganhar umas eleições, o filme mantém uma história original e criativa.
E para surpresa do público, o filme começa surpreendentemente bem. Com espaço para drama, que consegue gerar empatia pela família. E mais do que isso, consegue desconstruir o “machão” Jason Momoa, e transformá-lo num simples homem comum, que também perde, sofre e chora. O grande problema é que a cada acto a história vai-se arrastando cada vez mais numa narrativa cansativa.
Podia dizer que a narrativa é cansativa pelas suas quase 2 horas de produção, mas a verdade é que a narrativa cansa porque quer chegar a todo o lado, e acaba por não chegar a lado nenhum. O filme que tinha tudo para ser um bom filme de acção, drama, policial, ou até mesmo thriller, não consegue que esse mix de géneros flua de modo orgânico, fazendo com que resultem bem separadamente, mas juntos tornam-se numa trama enfadonha e cansativa.
Ainda assim, existem aspectos positivos no filme. O facto de terem mantido toda a história com os pés no chão, entregando um herói que falha, aleija-se, e mostrar que todas as suas acções trazem consequências, dá um ligeiro alento ao coração. É bom ver que ainda nem todos os filmes de acção são grandes blockbusters carregados de explosões, e sem espaço para um história consistente e um protagonista HUMANO. Para além disso, o filme consegue criar boas sequências de acção, deixando-as longe do absurdo. Mas perde demasiado tempo com questões secundárias desnecessárias, que levam a uma série de reviravoltas, sendo que a última, o plot twist final, é a reviravolta mais absurda do ano!
O filme peca por nunca conseguir criar situações de urgência, e ter cenas de acção que não conseguem empolgar. Os protagonistas estão de parabéns, tanto a surpresa do filme Isabel Merced, como Jason Momoa que desconstrói a personagem de “machão musculado” e aparece como um homem igual aos outros.