Texas Chainsaw Massacre – Quando estúpido e divertido é o suficiente

Texas Chainsaw Massacre era um filme destinado a falhar. A crítica – que, verdade seja dita, sempre odiou a saga – olhou para este novo capítulo sempre com maus olhos. Mais ainda quando o filme evitou o seu lançamento no cinema, sendo anunciado o seu lançamento diretamente na Netflix, o que parecia ser um mau sinal.

Certamente que muitos continuarão a olhar para isto com maus olhos. Afinal, o preconceito já existia. Afinal é um filme que é uma sequela que, ao mesmo tempo que pisca muito o olho a filmes anteriores, também remove muitos elementos clássicos da saga (a família de “loucos” não está mais por cá!). Ainda para juntar mais lenha à fogueira, TCM tem o seu lado político bastante vincado, o que não irá agradar muito a conservadores sensíveis. Agora, os mais perspicazes fãs de terror poderão perguntar-me: “mas os filmes da saga não foram sempre políticos, com várias referências culturais e sociais?”. Ao que eu respondo: “Claro que sim. Mas das duas uma: ou antigamente os fãs não percebiam o que estavam a ver (pensando tratar-se apenas de uma serra elétrica e montes de mortos) ou o mundo está hoje mais polarizado e sensível do que nunca, incluindo por parte daqueles que acham que o mimimi está só do outro lado”.

Indo ao que interessa, a história de Texas Chainsaw Massacre continua os eventos do 1º filme – esquecendo todos os outros capítulos – 50 anos após o massacre original. Sally Hardesty, a única sobrevivente desse massacre, vive obcecada por voltar a encontrar Leatherface e treina-se para esse dia, tal qual Laurie Strode no Halloween de 2018. Ela tem aqui um protagonismo menor, sendo uma atriz secundária, uma vez que a maior atenção está no novo elenco jovem que está a um nível aceitável para um filme do género (os maiores destaque são as irmãs Melody e Lila, interpretadas por Sarah Yarkin e Elsie Fisher). Este grupo de jovens empreendedores procuram reabilitar Harlow, no Texas, hoje uma cidade-fantasma e a qual pretendem transformar para fazer dela o seu pequeno paraíso na Terra. Para tal, convidam um grupo de potenciais investidores, que inclui youtubers e influencers que transformam o local numa enorme festa. Sem querem entregar muito do plot, posso dizer que o massacre e a vingança de Leatherface é despoletado por um inesperado evento familiar. A partir daí é showtime!

Esperam personagens e decisões estúpidas? Podem contar com elas. Esperam plot holes? Podem contar com eles. Esperam um filme que tenta chegar a todo o lado, ficando um pouco a meio caminho de tudo? Podem contar com isso, com temas que vão desde a gentrificação, ao racismo, aos influencers, à defesa do ambiente e com o maior foco ainda a serem…massacres escolares e o trauma daí decorrente! Sim, uma salganhada. Mas por incrível que pareça isso não me retirou o prazer de apreciar aquilo que é mais importante num slasher: tensão, clima, tripas por todo o lado, sangue, corpos cortados ao meio, um enorme massacre em massa (numa das melhores cenas de toda a saga!). Há, acima de tudo, diversão para um fã de terror. Tão simples quanto isso.

Numa altura em que o “terror de elevação” parece estar por todo o lado, é bom relembrar que o terror é um género de escape, onde o fator entretenimento se deve sobrepor a qualquer outra vertente. É por isso que vemos e somos fãs de terror! Não por causa de fantásticos argumentos ou diálogo. Não por grandes interpretações. Não por serem muito originais. Somos por serem divertidos de se assistir e, embora goste de muita da nova fornada de “elevação”, sabe bem ver que também há espaço para o terror estúpido puro e duro, tal como este Texas Chainsaw Massacre e Halloween Kills fizeram recentemente. Lamento desiludir os intelectuais de plantão, mas é por filmes como este que nunca deixei o género desde os meus 5 anos.

Texas Chainsaw Massacre tenta ser demasiadas coisas, personagens tomam estúpidas decisões e o diálogo é pouco convincente. É, no entanto, um milagre que consiga entreter tanto quanto o faz, ficando bem acima de vários capítulos da saga. Tenso, super violento e sangrento, os momentos finais ficarão na memória, contando ainda com uma outra cena que está entre as melhores da saga.


Texas Chainsaw Massacre
Texas Chainsaw Massacre

ANO: 2022

PAÍS: EUA

DURAÇÃO: 83 minutos

REALIZAÇÃO: David Blue Garcia

ELENCO: Sarah Yarkin; Elsie Fisher; Mark Burnham; Jacob Latimore; Moe Dunford; Olwen Fouéré

+INFO: IMDb

Texas Chainsaw Massacre

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