O filme que fez pessoas desmaiar e vomitar pelas salas de cinema norte-americanas. Já vimos esta manchete demasiadas vezes para que lhe demos demasiada atenção, apesar de haver quem garanta – com recurso a fotos e videos nas redes sociais – que isto, de facto, aconteceu com Terrifier 2, um filme de baixo orçamento que tem sido um enorme sucesso entre o público norte-americano. A verdade é que neste caso até não me espantaria se fossem verdade todos os relatos ouvidos.
Terrifier, o primeiro, é um filme péssimo. Um filme péssimo com um excelente vilão, algo que é difícil de imaginar e que deve ser a única razão para que uma sequela tenha sido viabilizada. Atenção, isto contninua a não ser um filme de estúdio. Continua a ser uma produção maioritariamente amadora, embora aqui com contributos financeiros de magazines de terror – Bloody Disgusting à cabeça – que permitiram melhorar…em todas as áreas.
A minha maior queixa do primeiro filme é a total falta de história. O filme não passa de – e eu não estou a exagerar – vermos Art, the Clown a matar enquanto anda por um café ou pelas ruas da cidade. O facto de existir um contexto e uma história nesta sequela é não só um alívio, como também permite termos uma experiência bem mais consistente e interessante de acompanhar. Calma! Não pensem que temos um brilhante argumento e guião. Nada disso. A história é básica, é batida com clichés que já vimos anteriormente e nem sempre se desenvolve do modo agilizado que poderiamos esperar dela. No entanto, o facto do palhaço ser mais uma vez magnificamente interpretado por David Howard Thornton e que a final girl seja também ela bastante bem construída pelas mãos de Lauren LaVera permite-nos sempre manter o interesse, mesmo que o restante elenco nunca esteja à altura destes dois.
Um grande problema de Terrifier 2: a sua excessiva duração. E quando digo excessiva não falo de 10 minutos a mais. O filme tem quase 2 horas e 20 minutos, totalmente injustificável para a história que nos quer contar. São muito raras as cenas que não deveriam ter sido reduzidas, sendo que ficamos demasiado tempo em alguns setpieces até ao ponto de se tornarem cansativos. Outro grande problema do filme? Volta a deixar muitas portas abertas existindo pouca explicação para vários acontecimentos, incluindo alguns subplots que não resultam lá muito bem (como uma certa espada…). Embora, verdade seja dita, a cena de abertura – onde vemos o palhaço a ressuscitar com pouca explicação para tal – é mais do que o suficiente para se perceber que isto não é para ser levado a sério. É essencialmente um espetáculo splatter que, desta vez, até se preocupou em ter uma história.
E é precisamente quando abraça todo o gore, todas as tripas e tudo o que de nojento tem para nos mostrar que Terrifier 2 brilha. Se no primeiro filme esse já era o ponto alto, aqui a dimensão aumenta com algumas cenas verdadeiramente brilhantes. Percebo inteiramente quem se tenha sentido mal a ver este filme. Não é para qualquer um e diria que até é necessário termos uma mente um pouco sádica para sentirmos prazer no que estamos a ver, mas quem gosta de elevadas doses de entranhas sai daqui maravilhado com algumas dessas cenas. O elemento de suspense na antecipação do que sabemos que vai acontecer está também muito melhor trabalhado, notando-se que esta é uma produção mais cuidada e que notoriamente quer falar para um público muito específico.
Acima de tudo, Terrifier 2 é um filme muito melhor do que o primeiro. Já existe uma história – ainda que básica – e Art the Clown é um excelente vilão ainda à espera de um melhor argumento. No entanto, não vou mentir: estava aqui pelo sangue, pelas tripas, pelos vários membros a voar e pelo sadismo. E nisso o filme cumpre tudo o que promete. Não vomitei – o mais próximo que estive foi quando bebi três shots de aguardente antes do seu começo – mas agora acredito nos testemunhos.
