O filme da Netflix que mais parece da Pixar! É uma animação dos criadores de “Spider-Man into the Spiderverse” e, por isso mesmo, apresenta traços daquilo que, para mim, é o futuro da animação.
O filme conta a história dos Mitchells. Uma família imperfeita, como todas as outras, mas que tem grandes falhas no relacionamento entre o pai e a filha. Não vai ser difícil para qualquer um de nós se meter na posição da filha mais velha da família. Mas também não vai ser difícil para nenhum pai, que já deu quedas suficientes na vida, imaginar-se no lugar do patriarca. Acho que isso é o que mais me impressionou no filme. Apesar de retratar um construtor e uma aspirante a realizadora, podia estar ali uma aspirante a escritora, um aspirante a futebolista, ou qualquer outro miúdo com um sonho. Porque ela basicamente está na altura da vida que tem de sonhar. E o pai, bem o pai está naquela fase que já sofreu tanto, e teve de abandonar tantos sonhos em prol da família e dos filhos, que só não quer que a filha sofra o mesmo que ele.
É uma ligação que rouba a cena do filme. Os robôs podiam ser substituídos por aliens, ou animais, ou que lhes desse na gana (Mas ainda bem que não o fizeram, já vos explico o porquê mais á frente), que o enredo principal do filme continuaria a ser a relação entre pai e filha. Isso apenas prejudicou o desenvolvimento dos restantes membros da família. A mãe que vivia obcecada com a “vida fantástica” dos vizinhos no instagram, e o filho mais novo que era obcecado por dinossauros. Ainda assim, perto do fim o filme desenvolve um pouco a história de ambos. A mãe percebe que a sua família é perfeita do jeito que é, sem “filtros” de instagram. E mostra a guerreira que tem dentro de si. Afinal, qual é a mãe que não faria tudo pelos seus filhos? E Aaron (Filho mais novo) arranja finalmente uma companhia para falar de dinossauros. Quem sabe até um interesse romântico no futuro…
No fundo é um road movie, que acontece depois da filha mais velha ser aceite numa universidade que fica noutro estado dos EUA. O pai cancela os bilhetes, e decide que vão fazer uma road trip até ao local, em família. Claro que acaba por correr mal. Porque no meio surge uma invasão de robôs orquestrada pela inteligência artificial de um telemóvel, que pretende escravizar a humanidade.
Quando vos disse que podiam trocar os robôs por qualquer outro “obstáculo” a esta família, mas ainda bem que não o fizeram, foi pelo sentido critico misturado com doses de humor que os realizadores fazem às tecnologias que, hoje em dia, invadem qualquer casa. São, muitas vezes, piadas que só os adultos vão entender, mas as crianças vão rir á gargalhada, mesmo que só percebam daqui a uns anos…
“The Mitchells vs. The Machines” acerta no tom cómico, nas cenas de acção, na critica ás novas tecnologias, e especialmente, no que toca a família. Um filme a não perder, sem dúvida!