The Munsters é uma porcaria charmosa!

Existem diversos tipos de filmes péssimos. Há aqueles que não realizam bem nada do que se propõem a realizar, os que agridem por insultar a inteligência do público ou ofenderem com textos problemáticos e, algumas vezes, criminosos, e aqueles que são simplesmente bestas demais. Felizmente, para mim, The Munsters se qualifica na terceira alternativa.

The Munsters é o prelúdio de uma série americana de comédia familiar de mesmo nome dos anos 60. Com cores chamativas, cenários extremamente artificiais e personagens caricatizíssimas, The Munsters, de Rob Zombie (realizador e argumentista), conta a história de origem do relacionamento entre as personagens Herman, uma espécie de Monstro de Frankenstein idiota, Lily, uma princesa das trevas, e The Count, um barão ranzinza e malicioso, e o que levou a fazer com que esta família nada convencional se mudasse da Transilvânia para os EUA.

Estando claro do que se trata o filme, sinto que devo citar de imediato o que há de pior em The Munsters: o enredo. Pois, acreditem se quiser, com o pequeno esclarecimento que dei sobre a trama do projeto, já lhes contei praticamente tudo o que o filme tem para entregar.

Rob Zombie nos apresenta suas personagens, as conecta, e logo nos dá falsas pistas de um enredo. Problemáticas surgem, como uma figura vilanesca que pretende dar um golpe em The Count que, por sua vez, quer fazer de tudo para separar sua filha, Lily, de Herman. Tudo se encaminha para que essas premissas narrativas criem conflitos intrigantes a serem desenvolvidos no decorrer do filme, mas… isso não acontece. 

The Count recebe o golpe da vilã, que almejava tirar dele sua propriedade, e falha em separar Lily de Herman. Aqui é que Rob Zombie deveria demonstrar ser um bom argumentista, e desenvolver uma conclusão coerente e bem desenvolvida. Como, por exemplo, fazer com que The Count tivesse de aceitar seu genro, superando as diferenças entre os dois, para poder se unir a ele e tentar recuperar o que fora seu. Assim, a narrativa daria valor para os conflitos apresentados posteriormente, e contemplaria seu público com efetivos valores de causa, consequência e reação. Porém, Rob Zombie só tinha um propósito com a elaboração dessas problemáticas: inventar uma boa desculpa para que as personagens se mudassem para a América.

É simplesmente revoltante! No fim, tudo gira em torno de encontrar uma justificativa para a mudança da família. The Count se dá por vencido, sem nem sequer pensar em reverter a situação, e, para piorar tudo, esquece a desavença com o genro, ao reagir com grande empolgação à estúpida ideia de Herman para lidar com a situação. De repente, toda a tristeza e desespero dão lugar a muita alegria e esperança. Então, a recém formada família se muda, pensa estar em um ambiente familiar e acolhedor, até se dar conta de que se mudaram para um bairro de seres humanos asquerosos e assustadores e… é isso. “Que pena! Vamos ter de nos acostumar“, pensam as protagonistas, e os créditos sobem.

O que deveria ser a trama central de The Munsters se prova como apenas uma grande introdução. Logo, quando a narrativa alcança o verdadeiro enredo do filme, os créditos surgem. Enfim, percebemos que a sinopse da obra é um grande spoiler de uma história que não tem nada para contar. The Munsters não engaja em momento algum pois nunca demonstra ter um objetivo claro. Enquanto assistia ao filme, não podia evitar de pensar “o que será que esse filme quer dizer para mim?“. Bem, por mais pessimista que eu seja, não imaginava que a resposta para essa pergunta fosse ser “nada!“.

Mas, por mais que The Munsters seja péssimo, devo admitir: o filme tem seu charme. Tudo nesse filme é extremamente bobo. A história é estúpida e as personagens são pura idiotice. As atuações prestadas à The Munsters são repletas de pura vergonha alheia, que, por incrível que pareça, não fazem com que tu queira se esconder de agonia. Na verdade, o cringe criado pelos atores é proposital, pensado pela própria realização. É muito cômico ver como o elenco tenta tirar do texto sem graça risadas do público. O que acontece, afinal, é que acabamos rindo da tentativa falha de The Munsters em fazer rir, mas nunca de seu texto ou atuações.

The Munsters é uma experiência inacreditável! O filme é uma bela de uma porcaria, mas, por mais incrível que pareça, chama a atenção por sua bizarrice, e diverte por ser completamente gratuito e sem propósito. Muito se passou pela minha cabeça enquanto contemplava essa desgraça disfarçada de filme, uma vez que, mesmo depois dos créditos finais, tentava entender qual o objetivo de Rob Zombie com essa história vazia e sem graça. Mas, por mais que, ao fim de tudo, tenha ficado grato por ter entrado em contato com essa obra de valor único, um pensamento insistia em atormentar minha mente durante toda a rodagem do longa: “Maldito seja Pedro Pires, por me fazer ver este filme. Maldito seja!


Te Munsters
The Munsters

ANO: 2022

PAÍS: EUA

DURAÇÃO: 1h 49min

REALIZAÇÃO: Rob Zombie

ELENCO: Sherie Moon Zombie, Jeff Daniel Phillips, Daniel Roebuck

+INFO: IMDb

Te Munsters

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