Isto é mais um daqueles filmes em que o autor conhecido é protagonista.
Apesar de muito bonito de se ver, foi uma seca que passa de slow-burner a obscurozinho pretensioso.
Salvam-se as prestações de um altamente experiente Christian Bale como o detective melancólico, cansado da vida e pessoas, bastante bom no que faz e lhe fora designado a atingir Augustus Landor e de um jovial, vivaz, colorido, cheio de ideias e percepções intrigantes e verborreicas do mundo Edgar Allan Poe interpretado por um peixe-na-água Harry Melling.
O primeiro acto é lindo, espaçoso, silencioso, com Bale a falar muito pouco e a sentir imenso quando não está em funções.
Também é arrastado, carbura a narrativa, mas soluça para engatar e prender o espectador.
O segundo acto é o arco coming-of-age do cadete do exército Edgar Allan Poe. Aqui é apresentado, dá-se a conhecer, cativa o mortiço Landor, transborda vitalidade e expressa-se como o artista que almeja ser e procura emular.
É revigorante a química entre Landor e Poe. Aqui o tom mete a terceira mudança e a estranheza da trama adensa-se. Perderam-me um pouco.
Dá-se o desenrolar da perseguição do objectivo em mãos, enquanto Poe desabrocha para se efervescer nos seus desejos e impulsos. Bocejo. “Vitorianice“. Não posso com essa época, filmes ou séries dessa época em esmagadora maioria. Safam-se uns filmes avulso em que a época é a única coisa de vitoriano, o que os torna altamente digeríveis e degustáveis.
Há um quê de arco pouco explorado de Landor e a sua família que me deixou insaciado. Aparenta uma travagem brusca quando se tentou atingir os 200km percorridos, mas se pára aos 199km porque aparentemente não há mais combustível para gastar com esta etapa.
A banda-sonora é o que é. Apropriada para o tema e tom. Melancolia, espaço, sensações, emoções e sentimentos.
Abate-se um incontornável sono à medida que tento condensar pensamentos para projectar neste texto.
Houve de facto muitos olhos azuis no filme. Agora a palidez de algum em particular, essa remeto à insipidez de um clímax que se fica por um terrível recurso ao CGI para resolver matar dois coelhos com uma marretada em chamas.