The Protégé (ou a originalidade da fórmula repetida)

Martin Campbell entende acção. Claramente pretende construir algo com pés e cabeça, relacionável apesar de irrealista, fantástico apesar de cru, mas acima de tudo, perfeitamente acondimentado que destaque o suficiente do demais tofu no género que mais tem sofrido desde o seu opus da década de 90.

Este senhor tem um vastíssimo palmarés na realização de filmes e séries focados claramente no apelo à adrenalina, desde os anos 70, portanto já deve ter visto de tudo, sem nunca ter tentado de tudo à vontade. Essa segurança e apelo aos estúdios deverá ter sido o diferenciador para ser escolhido para voos mais ambiciosos como “007 – GoldenEye”, “The Mask (&) Legend of Zorro” e, um ano depois deste último, o enorme “007 – Casino Royale”, sem escapar às normais tropelias de quem poderá ter bebido demais do seu ego a espaços com coisas como “Green Lantern”.

Uma coisa é certa, mostra aprendizagem, aposta nos pontos fortes e disfarce dos pontos fracos. Disso resulta um óptimo lançamento de franchise com “The Protégé” onde dirige Maggie Q, Samuel L. Jackson e Michael Keaton num enredo tão fino quanto aquela fatia de picanha de rodízio que agora há para aí, que guarnece muito bem com uma estrutura não-linear mais afecta ao cinema de acção asiático onde nunca se sabe de tudo até ao final do filme.

Também deste continente embebe-se a coreografia e quedas mais dolorosas onde Michael Keaton acima destes todos tem de receber uma medalha completamente à parte pela vontade acima da capacidade. As cenas de luta são dolorosas de ver por mais más que boas, mas gabo a coragem em não recorrer a uma edição que visasse esconder a inaptidão dos actores em lutar. Apesar disto, Keaton para mim é o melhor actor de longe e é o que mais se diverte onde meto as mãos no fogo se aquela piada com um dos capangas não foi improviso!

Um pequeno aparte que tem de estar bem aqui no texto e não num post-scriptum choramingas: Michael Keaton para Bruce Wayne em Batman Beyond para ONTEM!

Maggie Q tem charme, personalidade, uma história de origens crua e de certa forma substancial para alimentar a sua aura de anti-heroína em busca do heroísmo. Temos estrela, temos franchise e temos capacidade para tal. É apostar nisto e começar a falar desta mulher como a Anna de Protégé em vez de pensar-se em que é a John Wick feminina ou outra coisa qualquer que um homem antes já fez e fez bem. Ela é dona de si, dona do filme e Martin Campbell interpretou muito bem o guião de Richard Wenk. Talvez seja aqui que entendo a escolha deste realizador para este filme. Jogar pelo seguro em prol de garantir qualidade para construir para cima em vez de tentar forçar algo mau de origem.

É um filme de acção completo onde não dou necessariamente pelo passar do tempo, com ritmo sincopado, mas que serve o propósito da história, sem riscos, com algumas invenções bem disfarçadas mas com alma e vontade.


The Protégé
The Protégé

ANO: 2021

PAÍS: EUA

DURAÇÃO: 109 min.

REALIZAÇÃO: Martin Campbell

ELENCO: Maggie Q, Samuel L. Jackson, Michael Keaton

+INFO: IMDb

The Protégé

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