The Equalizer 3: Fórmula gasta e guião absurdo marcam fim de trilogia a meio-gás

Denzel Washington atingiu um estatuto em que pode fazer o que bem lhe apetece com a sua carreira. Ainda assim, tenho pena que um dos melhores atores da história do cinema tenha tanto prazer nesta série que, tendo os seus bons momentos, raramente atingiu momentos ao nível do calibre da sua estrela principal. O terceiro capítulo parece que irá mesmo fechar a série – embora nada o indique no filme – e espero que assim seja. 

The Equalizer nunca foi para se levar demasiado a sério. Logo no primeiro filme temos a personagem principal a entrar no covil de criminosos graúdos para todos matar num tempo cronometrado por si e previamente anunciado. No entanto, esse primeiro filme também é um filme que diverte sem encher demasiado os nossos pensamentos. O mesmo aconteceu com o segundo, embora num grau menor porque alguém decidiu escrever um guião para apenas metade do filme – a segunda – sendo que toda a primeira metade se resume a “andarmos” com a personagem de Denzel pelo seu bairro. Neste terceiro, vamos até Itália e entre tantas esplanadas e cafés onde Robert se sentou  – sim, a personagem não se chama Denzel -, o mesmo lá consegue fazer o suficiente para penetrar e, quem sabe, destruir a máfia italiana. 

 

O que funciona neste terceiro capítulo é o que funciona nos anteriores: o carisma de Denzel Washington. Sim, o filme apresenta uma boa componente sonora e uma cinematografia interessante, mas nunca isto seria visto por mais do que meia dúzia de pessoas se o ator principal não fosse quem é e se o mesmo não parecesse divertir-se tanto com esta personagem. As cenas em que o mesmo dá a todos nós lições morais são cativantes, mas nada ultrapassa as cenas em que a personagem principal bate em tudo o que mexe, parecendo até não-humano pela forma como se movimenta nas sombras. Uma ideia se tiverem uma máquina do tempo: um jovem Denzel Washington como Batman

O que não funciona neste terceiro capítulo é o que não funciona nos anteriores, com uma agravante: já vimos isto tudo antes e os sinais de cansaço são evidentes. Até é um filme que tenta incluir um aspeto mais global ao envolver a CIA e a mudar a sua localização para Itália, mas nós sabemos desde o primeiro minuto onde isto vai parar e como irá terminar. Além dessa previsibilidade – que, na verdade, sempre marcou a saga – a maioria das cenas de The Equalizer 3 parecem a meio-gás, parecem vindas de um elenco e equipa de produção que pouco dormiram nas noites anteriores e que apenas se aguentam em pé com uma quantidade exagerada de café. Como cereja no topo do bolo, o guião é ainda mais ridículo que o dos filmes anteriores, marcado pelo absurdo com que a personagem principal consegue derrubar um inteiro sistema criminoso e pela facilidade com que contacta, ganha a confiança e convence operativos de uma agência governamental de espionagem internacional. Chegaram ao fim da crítica e perceberam que não falei da história do filme. Pois, é um sinal. 

Há sempre piores programas do que ver Denzel Washington a bater forte e feio em todos e a dar cabo da máfia, passando todo o restante tempo sentado em esplanadas das ruas italianas. No entanto, esta é uma série gasta, que abusa da sua previsibilidade e que desta vez se esticou em demasia – mesmo para os seus padrões – na imbecilidade do guião que nos apresenta.


The Equalizer 3
The Equalizer 3: Capítulo Final

ANO: 2023

PAÍS: EUA

DURAÇÃO: 109 minutos

REALIZAÇÃO: Antoine Fuqua

ELENCO: Denzel Washington Dakota Fanning Eugenio Mastrandrea David Denman

+INFO: IMDb

The Equalizer 3

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