The Long Night parecia ter todos os elementos para me agradar. Sou fã de um bom suspense/terror de invasão a casas. Sou fã de quase tudo o que envolva cultos. O elenco – apesar de não serem atores A-list – tinha nos papéis principais pessoas com cartel em Hollywood, como a Laurie Strode dos Halloween de Rob Zombie (Scout Taylor- Compton) e Nolan Gerard Funk, conhecido pelo seu trabalho em várias séries televisivas e alguns filmes de valor. Pouco ou nada se safou.
Começamos pelas atuações? Estes dois atores foram também parte do problema, com Scout a fazer o papel de Grace e Nolan como Jack. Ambos fizeram-me questionar a razão para conseguirem ter uma carreira de relativo sucesso em Hollywood. O paupérrimo diálogo em nada ajudou, mas a entrega de ambos foi tão fraca que até tenho dúvidas que tenham tido acesso ao guião mais do que uma hora antes de filmarem determinadas cenas. Foram forçados a isto? Química entre eles? Absolutamente zero. Claro que aí está muito do problema num filme em que eles são o casal do qual devemos sentir pena e sofrer por eles. Afinal, estão a ser cercados e atacados numa casa de família de Grace por estranhos mascarados pertencentes a um culto. Essas máscaras são, aliás, das poucas coisas que se safam neste filme.
É difícil encontrar outros aspetos positivos, então vou atirar três. O filme começa relativamente bem, tem uma boa banda sonora e tem alguns interessantes shots, filmados de um modo original. O problema é que quando o “ataque” começa tudo é tão forçado que o que mais fazemos durante esta longa hora e meia é abanar a cabeça e suspirarmos. As imagens com os elementos do culto no exterior da casa deveriam intimidar e deixar-nos intensos. Lembram-se de Us ou de The Strangers? Era suposto ser assim que nos faria sentir. No entanto, as cenas são criadas com tão pouca confiança que pouco ou nada sentimos. E falta ainda falarmos de todos os elementos sobrenaturais e da super previsível conclusão/revelação final. Cheiro a anos 80 ou 90. Mas a anos 90 maus. Cheirou àquele típico filme de videoclubes dos quais nos esquecemos passado uma hora. E foi mais ou menos isso que aqui aconteceu. Aposto que amanhã já nada me lembro do que se passou. Ainda me lembro?
A minha grande conclusão em relação a The Long Night é que lhe agradeço por me recordar o que fracos filmes são. Acho que muita gente neste mundo vê tão poucos filmes que não sabem mais o que é uma entrega tão desinspirada. Ver mais filmes ajuda o cinema mas também ajuda a darmos mais valor àquilo que muitas vezes achamos ser fraco. Obrigado, The Long Night. Estava a precisar disto.