There’s Someone Inside Your House (Há Alguém na Tua Casa) funciona como uma montanha russa. Entre altos e baixos, o filme se propõe a discutir, através do envelope de um slasher movie, o papel dos adolescentes nas pautas de discussões sociais que buscam desconstruir preconceitos, velados ou não, da sociedade, assim como mostrar como o mau uso do poder de expressão pode causar danos tão sérios quanto o próprio preconceito em si.
É extremamente importante trazer discussões sociais para o meio audiovisual, principalmente quando se tem os jovens como público alvo. A juventude é o futuro da nossa sociedade, serão eles que irão moldar o mundo nos próximos anos. Por isso, é preciso responsabilidade ao conduzir uma narrativa que toque nesses assuntos, além de cuidado para não cair na cilada da superficialidade. Infelizmente, esse cuidado não é tomado aqui.
There’s Someone Inside Your House começa com um gosto amargo. Logo no início do filme, temos contato com discursos óbvios, fáceis e nada naturais de cunho social. O maior problema não é necessariamente o fato de o texto não ter capricho, mas sim o resultado disso. Como disse antes, é preciso responsabilidade ao levantar uma bandeira. É preciso naturalidade, clareza. Tais discussões devem andar em harmonia com o argumento, e não funcionar como um merchandising, algo deslocado da narrativa. Não se ater a essas sensibilidades acaba por ser uma armadilha, um tiro no pé, o que pode fazer do texto um produto chato e de didatismo excessivo, uma obra panfletária. Sendo assim, não fosse a naturalidade e carisma do elenco principal, a introdução do longa seria intragável.
É engraçada a forma de abordagem que escolheram para o elenco nesse longa. Há um misto de naturalidade e exagero, complexidade e clichê. Todo o elenco principal conduz bem seus personagens, trazendo carisma com boas atuações. Já as personagens secundárias parecem deslocadas com seus arquétipos batidos. Contudo, isso está longe de incomodar, pois são poucos os momentos do elenco de apoio em tela.
Mas preciso voltar a falar do elenco principal, o grupo de amigos que nos conduz por essa história, já que eles são o destaque do filme. Os atores são tão carismáticos e convencem tanto de sua amizade que, na metade do longa, quando a vida da personagem de um deles corre risco, rangi os dentes de nervosismo e torci para que o pior não acontecesse. Foi nesse momento que percebi que passei a me importar com eles e me envolvi com um filme que até então estava detestando. Porém, infelizmente, o saldo não segue positivo até o desfecho.
O terceiro ato de There’s Someone Inside Your House é uma bagunça. Temos, em menos de meia hora, um misto de resoluções de problemas sem lógica (que, sinceramente, não sei se são produto de preguiça ou incompetência), revelações que não fazem sentido algum e a queda na qualidade da atuação de um ator em específico, que foi prejudicado pelo texto mal escrito. É um conjunto de soluções infelizes que, após apresentar uma crescente melhora e êxito ao envolver o espectador em sua trama, resultam em decepção, e na inevitável sensação de potencial desperdiçado.