Confesso que não vi o primeiro. Aterrei neste filme completamente de pára-quedas. Mas nem se notou assim tanto. Obstante de todas as possíveis ligações com o primeiro, lançado há 10 anos atrás, este filme encaixa no típico filme francês. Uma fórmula que prioriza sempre a comédia ao invés da história, acção, etc.
Neste filme, Ousmane Diakité (Omar Sy) e François Monge (Laurent Lafitte) são polícias com estilos, raízes e carreiras bem diferentes. Voltam a encontrar-se e a formar um par improvável numa nova investigação através da França. O que aparenta ser um simples negócio de droga acaba por revelar-se um crime em larga escala, envolto num perigo inesperadamente ridículo.
Laurent Lafitte protagonizou o filme que mais me fez rir nos últimos tempos. “Papa ou Maman” foi sem dúvida o filme que me fez soltar as gargalhadas mais genuínas desde que me lembro. Embora o segundo não tenha sido tão bom quanto o primeiro, também me fez rir e confesso que talvez esteja a perder um pouco por não me permitir tirar um tempo para conhecer mais filmes do actor. Mas a espectativa estava lá em cima só por ele. Bem, por ele e não só. Omar Sy também é um actor que admiro bastante embora esteja um pouco farto de o ver como coadjuvante, e a última vez que o vi num papel de destaque (ignorando o famigerado “Lupin”, que na minha opinião é a cara de Omar) foi em “Belleville Cop”, um filme que também não me satisfez assim tanto. A juntar a tudo isso, o facto de ter sido produzido pela Netflix (que tem tido mais acertos que falhanços no que toca a apostas em filmes e séries estrangeiras), e o facto de ser francês. O mesmo país que me ofereceu uma saga de filmes tão idiotas quanto animados como “Táxi”.
Mas, infelizmente, acho que as falhas do filme prevaleceram perante os poucos acertos. No que toca a cenas de acção, por vezes ridículas, foram mais as vezes que o filme exagerou ou se perdeu no ridículo do que as que me prenderam realmente ao sofá. Quanto à comédia o filme tem alguns momentos que me fizeram rir, mas foram mais os momentos que me senti desconfortável. Sim, desconfortável. Acho que o filme usou e abusou bastante das piadas homofóbicas e racistas. Vi tudo isso como uma crítica ao próprio racismo, porque o filme trata de de criar um ambiente racista bastante ridículo. Mas, mesmo assim, por vezes abusa. E foram tantas piadas racistas sem piada nenhuma, que por vezes senti-me desconfortável. Porque um branco abastado dizer que o preto pobre do bairro está numa posição mais fácil de chegar a algum lado tem graça no início. Mas chegar ao fim do filme e as piadas serem as mesmas é um pouco enjoativo. Obstante isso, a história também tem uma reviravolta bastante previsível. Aliás, tudo no filme é bastante previsível. Mas pronto, funciona bem como um entretenimento leve de sábado à noite. Especialmente se adormeceres a meio e perderes todas as piadas racistas do filme.