The Tomorrow War é demasiado longo, mas entretém

É difícil acompanhar o ritmo dos filmes que vão saindo em 2021. Num mundo onde já existia uma certa saturação do mercado, com obras em grande número no cinema, mas também nos serviços de streaming, a pandemia obrigou a adiar vários lançamentos e até a alterar a forma de distruibuição. Assim este The Tomorrow War que custou 200 milhões de dólares a produzir e era suposto ir para o cinema, acabou por ser vendido à Amazon para um lançamento exclusivo no serviço Prime. Sinceramente, não me parece que a Amazon se vá arrepender. O nome Chris Pratt chama muita gente e isso associado a uma premissa de acção/ficção científica com aliens à mistura deve significar que muita gente deve assistir a este blockbuster, que tem toda a cara de cinema de verão.

O filme começa numa nota elevada, com humanos vindo do futuro a interromperem um jogo do Mundial de futebol para anunciarem ao mundo que a raça humana está em risco de extinção, travando, nesse futuro, uma luta épica pela sobrevivência – a qual estão a perder. Militares são enviados para esse futuro, mas como muitos não sobrevivem, comuns cidadãos começam, também, a ser enviados para lutar nessa “guerra do amanhã”. É aí que entra a nossa personagem principal, Dan Forester, que é um ex-militar que não quer fazer parte desta guerra, mas é obrigado a ir. Chris Pratt cumpre o que lhe é pedido e, aqui e ali, vai-nos mostrando, uma vez mais, que é um ator talhado para este tipo de papéis, dando a credibilidade física necessária a estas personagens, mas também mostrando uma certa evolução como ator, presenteando-nos com alguns fortes momentos emocionais. A sua relação com a filha, Muri (Ryan Armstrong/Yvonne Strahovski), está sempre presente ao longo do filme e é um dos pontos mais fortes, sendo que Strahovksi dá ainda uma maior credibilidade a essa componente emocional. Também a relação de Dan com o seu pai (J.K.Simmons) está em foco e, embora não também trabalhada quanto a com a sua filha, também resulta, especialmente na parte final, como uma forma de paralelismo que fará Dan pensar duas vezes sobre os comportamentos do seu pai.

O filme tem, no entanto, falhas evidentes. A maior delas é que tenta ser tantas coisas ao mesmo tempo – as duas relações de pai para filho/a; a relação de Dan com os seus colegas Charlie e Doran; a relação com a sua mulher; a invasão alien no presente e a invasão alien no futuro – que, por vezes, parece perder-se um pouco na coerência narrativa. Este excesso de elementos leva também a que o filme se torne um pouco cansativo. A certa altura, a obra tem uma das suas cenas mais emocionates e com verdadeiro impacto para os espectadores. Qual não foi o meu espanto quando percebi que ainda faltavam 40 minutos para o seu final e que aquilo que parecia o final do filme, ainda iria dar lugar a um terceiro acto num cenário totalmente diferente: no gelo. Neste terceiro acto, nem tudo é mau. A batalha final resulta bem, mas o cenário não parece muito enquadrado com o resto do filme. O filme tem também direito aos seus momentos de blockbuster americano genérico, como o habitual “não vou deixar o meu companheiro morrer”,  mesmo que entretanto morram mais pessoas a tentar salvá-lo.

No entanto e, felizmente, as suas falhas são compensadas pelas excelentes cenas de acção, com efeitos espetaculares e um design fenomenal dos monstros. Algumas das mortes – sejam dos monstros ou dos humanos – também resultam bastante bem, deixando-nos a adrenalina em níveis elevados. Apesar de algum potencial perdido, o filme acaba por resultar, na generalidade, na sua missão principal: entreter com um balde de pipocas à frente.

Será este o início de uma nova franquia de acção? Não é fácil dizer e dependerá muito da reação do público, mas com um astro, como Chris Pratt, parece bem possível. Embora o filme tenha as suas falhas, há aqui potencial para construir algo bem maior e eu irei estar na primeira fila para o assistir. The Tomorrow War é demasiado longo, tenta ser demasiadas coisas e, por vezes, cheira a um genérico blockbuster de verão. No entanto, a sua espetacular ação, o fantástico design dos monstros e a sua eficiência em construir fortes relações familiares acabam por fazer desta uma experiência positiva.


The Tomorrow War
A Guerra do Amanhã

ANO: 2021

PAÍS: EUA

DURAÇÃO: 140 minutos

REALIZAÇÃO: Chris McKay

ELENCO: Chris Pratt; Yvonne Strahovski; J.K. Simmons; Betty Gilpin; Sam Richardson; Jasmine Mathews; Edwin Hodge

+INFO: IMDb

The Tomorrow War

Previous ArticleNext Article

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *