Umma quer tudo e consegue pouco

Menos é mais. Esta é uma expressão que se aplica tão bem a tantas coisas da nossa vida, tendo também um perfeito enquadramento no que devem ser muitos filmes de terror.

Umma é um filme com uma boa premissa, envolvendo tradições familiares e culturais – que sempre me seduzem – e um bom elenco, encabeçado por Sandra Oh. A história fala-nos de uma relação entre mãe e filha e todo um mundo exterior que parece distante, muito longe dos seus olhares e ainda mais dos seus afetos. Amanda – Sandra Oh – sofre de uma doença que a impede de estar próxima de tecnologia e, como tal, a sua filha Chris (Fivel Stewart) acaba por também se ver privada desses avanços. Tendo tido alguns problemas com a adaptação a escolas no passado, Chris é ensinada nos últimos anos pela mãe num sistema de ensino em casa, o que ainda a torna mais afastada de outras jovens, limitando-se a ter a sua mãe como única amiga. No entanto, a vida pacata destas duas personagens está prestes a mudar. Primeiro, porque Chris vai-se apercebendo de outras realidades e não quer mais ficar refém da sua atual vida. Segundo, porque uma visita vinda da terra natal de Amanda – Coreia do Sul – traz notícias – e não só – que irão mudar o que era um dia a dia pouco atribulado na casa das nossas personagens.

Amanda não quer enfrentar o seu passado. Amanda tem medo de descobrir o que não quer, tem medo de reviver dores do passado e tem um medo ainda maior de se tornar num dos seus maiores pesadelos. Ao mesmo tempo também tem o medo de perder a sua filha para o mundo exterior, o que significará também para ela uma nova vida, ainda mais fechada e isolada. Este filme tenta passar várias mensagens – ainda se acrescenta a forma como lidamos com o luto, as pressões e exigências familiares, o medo de nos relacionarmos com o que não conhecemos, a aceitação da diversidade e diferença como algo positivo – e na grande maioria dos casos o consegue fazer até porque o faz com tanta insistência e com tanta falta de subtileza que será quase impossível alguém não entender o que nos quer dizer.

Como filme de terror, Umma é um enorme fracasso. De 30 em 30 segundos há uma música tensa, um jumpscare, um efeito sonoro, uma figura no espelho, um sonho, uma voz interna ou algo sobrenatural atrás das personagens. Ao fazer isso, Umma nunca consegue criar tensão entre cenas, nunca consegue criar interesse pelas personagens e perdemos todo e qualquer interesse na sua conclusão que é genérica, previsível e atirada às três pancadas.


Umma
Umma

ANO: 2022

PAÍS: EUA

DURAÇÃO: 83 minutos

REALIZAÇÃO: Iris K. Shim

ELENCO: Sandra Oh; Fivel Stewart; Dermot Mulroney; Odeya Rush

+INFO: IMDb

Umma

Previous ArticleNext Article

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *