Depois de um primeiro filme bastante morno, quase frio, esta continuação surge praticamente dentro dos mesmos moldes. Não é um filme fantástico, longe disso! Mas também não é uma perda de tempo. É algo no meio disso. Um filme tão “sem sal”, que até me faltam palavras para o descrever e criticar…
Depois de termos visto a fase do namoro entre Eddie (Tom Hardy) e Venom no primeiro filme, esta continuação mostra que se passou algum tempo desde a última aventura, o suficiente para a lua-de-mel, e agora eles estão na fase do casamento. Com planos de vida e objectivos diferentes, fartos de embirrar um com o outro, eles decidem separar-se. Mas não demoram muito tempo a perceber que não conseguem viver um sem o outro. Venom não encontra um hospedeiro que aguente como Eddie. Eddie não consegue vencer o seu inimigo sem Venom.
O filme acerta na história de origem do vilão, e no romance entre Carnificina (Hoody Harrelson) e Shriek (Naomie Harris). Uma versão de Bonnie e Clyde da Marvel. Não tão insana como a versão da Harley e do Joker, mas valeu a tentativa. Acerta também no regresso de Anne (Michelle Williams), ex-noiva de Eddie, e no tom humorístico que nos lembra de Deadpool. Tirando isso, é uma história sem pés, nem cabeça.
Já falei dos poucos acertos do filme, agora vamos aos erros. O filme falha no desenvolvimento de Shriek, que fica presa ao rótulo de “interesse romântico” de Cletus Kasady, quando podia ser mais, mas muito mais que isso. O pouco tempo de tela, e a falta de informações e origem deixam-nos a desejar por mais. E muito provavelmente não teremos. São perguntas e mais perguntas que ficarão eternamente sem resposta… É como se Andy Serkis (Realizador) tivesse um diamante por lapidar nas mãos, mas preferisse usá-lo apenas como um meio para atingir um fim, sem nunca perceber o seu real valor.
Além disso, o filme falha nas questões que nos coloca, sem dar resposta. De onde vem esse interesse repentino de Cletus em Eddie? Como surgiram os poderes de Shriek? Mas a maior falha continua a ser a classificação etária que não nos permite ver o Venom a ser Venom. Porque o Venom é violento. E quando começam a cortar certas cenas parece que estamos a ver uma versão do Deadpool da Disney. Isso e o facto do filme ser bastante curto, demasiado directo ao assunto, sem sequer nos dar uma noção do poder que o Carnificina tem. Porque, sem querer dar muitos spoilers, o filme é basicamente uma versão estendida do trailer. E o grande confronto, e único, entre Venom e Carnificina é aquele que o trailer nos mostra.
O final promete trazer um novo simbionte numa futura possível continuação desta saga. Isso e uma possibilidade infinita de histórias para contar agora que Venom foi transportado para o Universo de… A sério, vejam o filme. Não é nada de especial, mas a cena pós-créditos vai deixar-vos bem intrigados. Até porque Venom não funciona num filme solo, mas como vilão pode funcionar muito melhor, não é?
“Venom:Let There Be Carnage” é, basicamente, tudo o que vimos nos trailers e pouco mais. Alguns vilões têm histórias para um filme solo. Outros não. Venom, infelizmente, não tem. Quanto mais para uma saga… Mas dá para rir, e para a Sony encher os bolsos. E, no fundo, é isso que importa.