A mistura de comédia e terror (que eu, pessoalmente, chamo de “terrir”) é sempre uma complexa mescla de géneros. Se é verdade que há filmes que o conseguem fazer na perfeição – e os filmes de zombies aí tem brilhado -, há muitos que acabam por ficar a meio caminho do que o que poderia ser um bom filme de terror e a meio caminho do que o que poderia ser um bom filme de comédia. Quando peguei neste Werewolves Within, ia com muitas expetativas. Primeiro, porque o trailer e o plot tinham-me chamado à atenção; segundo, porque estava a ter uma muito boa aceitação dentro da comunidade.
A história é uma adaptação do videojogo com o mesmo título, falando-nos de um ranger da floresta, Finn, que é destacado para uma pequena cidade, Beaverfield, vendo-se no meio de uma tempestade, enquanto várias pessoas começam a aparecer mortas, assassinadas por uma misteriosa criatura. Claro que a criatura é um lobismomem como podem perceber pelo título. No papel de Finn temos Sam Richardson, que, este ano também tem um papel de relativo destaque em The Tomorrow War e que tem uma prestação positiva no meio de todos os estranho acontecimentos que se vão sucedendo numa cidade composta por gente, também ela, muito estranha. Milana Vayntrub, no papel de Cecily, e que se torna, de imediato, na melhor amiga de Finn, tem, também, uma prestação interessante, sendo com eles que “andamos” durante, praticamente, todo o filme, a tentar descobrir quem ou o quê anda a dar cabo dos cidadãos daquela pequena cidade.
No que diz respeito, às prestações, existem, ainda assim, alguns exageros estilísticos – certamente, mais por exigência da direção de atores do que por opção dos próprios atores – que não me cairam bem. O filme tenta pegar na “estranheza” aplicando essa quirkiness a todos os atores e todas as cenas, como se isso, por si só, se traduzisse em humor ou situações cómicas. A maioria das vezes isso sai completamente ao lado, não existido naturalidade na forma como vários diálogos são colocados em cena ou na forma como as personagens se comportam. Josh Ruben – que também fez o elogiado Scare Me, que, curiosamente, também não achei muita piada – tenta, claramente, aplicar a “fórmula Wes Anderson” a esta mistura de géneros, sendo que, para mim, isso até poderia ter resultado, desde que não tivesse sido feito durante toda a duração do filme.
A história é, ainda assim, interessante. O filme procura ser uma espécie de “whodunit”, quase como uma versão lobisomens de Knives Out, tentando colocar dúvidas no espetador acerca de quem é o lobisomem, deixando algumas pistas pelo caminho (aliás, para mim, foi bastante previsível o desvendar do mistério). A história é mesmo o melhor do filme e o que nos vai predendo até ao seu final, acompanhada, por vezes, de algumas interessantes mensagens e críticas sociais. Por outro lado, também é por esssa história ter um enorme potencial, que eu me senti frustrado pelo facto do filme não me satisfazer enquanto fã de terror (os momentos de terror/gore/suspense são raros), nem enquanto fã de comédia (foram muito poucos os momentos que me fizeram sequer alterar a minha expressão facial).
Portanto, não há aqui volta a dar. Parece que aqui estou em minoria, mas Werewolves Within nunca me fez sentir que estava a ver um filme de terror e nunca me fez, verdadeiramente, rir. A história é interessante e o mistério fez-me ficar até ao final, mas falhou nos grandes objetivos de uma comédia de terror.