O Winnie the Pooh de terror é um terror de filme à procura do vosso dinheiro

Quando este filme foi anunciado muitos foram os que reagiram com entusiasmo. Afinal não é todos os dias que vemos um icone da infância a ganhar uma versão de terror. Isto só foi possível porque a história original – na qual a Disney mais tarde se baseou para criar o grande sucesso de animação  – fez agora 95 anos e é de domínio público. Assim sendo, todos os elementos dessa versão original estão livres para ser usados da forma que a alguém apeteça. Como, por exemplo, num filme de terror.

Acontece que esse entusiasmo garantido por parte do curioso público parece ter sido o único objetivo dos seus criadores. E resultou, pois isto teve uma bilheteira bem superior ao seu baixíssimo orçamento. Eles sabiam que haveria gente suficiente interessada em ver qualquer coisa que daqui saísse e jogaram com isso apenas e só para criar algo que viesse a dar lucro. Parece-me óbvio que isto só foi feito por dinheiro, havendo zero de preocupação em ter algum cuidado com o que se estava a levar ao público.

O engraçado é que o filme até não começa mal. Começa uma animação muito interessante que nos explica como é que o Pooh e os seus amigos se tornaram naquilo que são hoje e parece que nos vai dar, pelo menos, diversão com ótimas mortes. Verdade seja dita: as boas mortes não se ficaram pela inicial. Há cenas imaginativas que envolvem muito sangue, membros decepados e alguma loucura. O problema é que nada mais acompanha. O grupo principal de amigas não tem absolutamente nenhuma profundidade. Nada nos é dado a conhecer sobre a maioria daquelas personagens e algumas parecem ali estar apenas para ser vítimas e nada mais. A juntar a tudo isso, as atrizes parecem ter…muito pouco jeito para representar. As atuações são paupérrimas. Não há o mínimo de realismo nas suas reações ou atos. Nada parece minimamente genuíno e as entregas parecem todas fora de tempo e nada consistentes.

Claro que nada ajuda também que o guião seja uma das maiores aberrações dos últimos anos no terror. As ações de determinadas personagens acontecem sem qualquer tipo de explicação plausível, não há nexo, não há coerência e nem se preocupa em ocupar o tempo com palha. Isto é um guião curtíssimo com absolutamente nada para além da ideia “vamos colocar jovens a ser mortos de forma estúpida pelo Pooh e pelos seus amigos”. Tudo bem. Também era isso que queriamos ver. Mas queriamos, pelo menos, que tudo isto dizesse algum sentido e que as personagens tivessem uma inteligência superior a um cachorro acabado de nascer.

E nem vos quero falar do diálogo…o óbvio dos óbvios é sempre referido como se as personagens estivessem a falar diretamente para um público com deficiências cognitivas e apesenta algumas passagens tão absurdas que só nos apetece rir à gargalhada, não se percebendo bem sequer se era essa a intenção do seu autor. Quanto ao ursinho e aos seus amigos…o design não é horrível e até poderia chegar se tudo o resto fosse feito com mais amor aos fãs e menos amor ao dinheiro. Ainda assim, tudo parece por diversas vezes não passar de um disfarce, de alguém com um fato de Winnie e até fiquei até bem tarde à espera que esse pudesse ser um plot twist

Eu tive que ver isto para que vocês o pudessem evitar. Não caiam nesta esparrela. O conceito é interessante, mas tem um guião vergonhosamente mau, está recheado de diálogo que parece produto do tpc de um aluno da primária e tem atuações que nem dignas de um filmo porno são. Salvam-se algumas bem-conseguidas mortes.


Winnie the Pooh: Blood and Honey

ANO: 2023

PAÍS: Reino Unido

DURAÇÃO: 84 minutos

REALIZAÇÃO: Rhys Frake-Waterfield

ELENCO: Craig David; Dowsett; Chris Cordell; Amber Doig-Thorne; Nikolai Leon; Maria Taylor; Natasha Rose Mills; Danielle Ronald

+INFO: IMDb

Winnie the Pooh: Blood and Honey

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