A terceira temporada de “You” mantém o clima viciante, numa fórmula já repetitiva e num ritmo mais inconstante. Não consegue igualar a segunda temporada, mas ainda assim supera a primeira. Esperemos que a quarta termine a história (cheia de pontas soltas) do nosso psicopata favorito.
Depois de duas temporadas narradas por Joe (Penn Badgley), mostrando o seu instinto de querer ajudar todos, mesmo que isso acabe, na maior parte das vezes, mal. Esta nova temporada surge mais focada no casal. A temporada repete a fórmula das anteriores, e repete especialmente os acertos da segunda. Mesmo assim, depois de três temporadas, começa a soar, cada vez mais, repetitiva. Como se fosse sempre a mesma história, mas num local diferente. E a habitual critica à população local (Como vimos aos que vão para Nova York tentar realizar os seus sonhos, e às drogas e outros vícios do clima teatral de Los Angeles) não funciona tão bem como nas temporadas anteriores. Afinal, em Madre Linda não se passa absolutamente nada! Em vez disso optaram por fazer uma critica subtil ao casamento, e àquilo que se passa em muitos deles.
E, mesmo quando tudo parecia estar bem, e a série podia ter terminado da melhor maneira, Joe decide que Love não é o amor da sua vida. E numa trama, já repetitiva e cansativa, a série volta a humanizar Joe, fazendo-nos torcer por ele. Mesmo sabendo que ele nunca estará satisfeito, e acabará sempre por aleijar ou matar alguém, nós somos quase obrigados a torcer por ele numa clara romantização de actos perversos. Afinal, vamos torcer por quem? Pela namorada traidora (Beck, Primeira Temporada)? Pela ex, possessiva e vingadora que está disposta a tudo para arruinar a felicidade de Joe (Candace, Segunda Temporada)? E, se já era fácil torcer por Joe, esta temporada torna a tarefa ainda mais fácil ao construir Love (Victoria Pedretti) como uma autêntica vilã psicopata.
O ponto forte desta temporada são as actuações fenomenais do casal protagonista. A sua química é notória, e Victoria Pedretti é a verdadeira “dona do show”, disfarçando a prestação mais discreta de Penn Badgley. E, mesmo fazendo de tudo para “odiarmos” a vilã da série, torna-se impossível com a performance de Pedretti. Ela é complexa, rancorosa, vingativa, apaixonante e perigosa, muito perigosa.
Destaco ainda a reviravolta no final, repetindo a fórmula da segunda temporada quando nos entregou a verdade sobre Love. E, se por momentos duvidei das demasiadas pontas soltas deixadas pelo caminho, confesso que o final (um pouco agridoce) me deixou sem palavras, ao conseguir amarrar todas de uma vez. E embora não seja o final pretendido, é o final necessário. E é absolutamente fantástico!
Para terminar, devo avisar-vos que, depois de um autêntico banho de sangue, alguns escapam da sentença merecida: a morte. Mas a vida é assim. O amor e a loucura por vezes andam de mãos dadas, mas raramente acabam juntos.