“You” continua a reinventar-se ano após ano. Sejamos sinceros, nem sempre resulta. E, por vezes, manter o plano acaba por ser melhor que sair da nossa área de conforto. Tal como aconteceu na segunda temporada. Mas a vida é mesmo assim. Na segunda, a série seguiu os passos da enfadonha primeira temporada, provando que conseguia fazer melhor, bem melhor. Mas na terceira optou por sair da sua “zona de conforto” e o resultado foi péssimo. Por isso foi com grande entusiasmo que vi a série reinventar-se novamente e, desta vez, com sucesso.
Seguindo a premissa das temporadas anteriores, cada temporada conta com uma nova história principal passada numa cidade diferente. E essa cidade, esse pano de fundo, funciona sempre como caracterizador principal do enredo, da trama principal, das sub-tramas, das personagens, e acima de tudo, da crítica que cada temporada oferece aquela localidade. Sempre foi o que mais me cativou na série. O que tornou esta série diferente. E esta temporada acerta em cheio ao escolher Londres como pano de fundo. Todas as coisas que nos passam pela cabeça quando pensamos em Londres estão lá. E haverá melhor maneira de representar Londres do que entrar numa história de crime digna de Agatha Christie?
É isso mesmo que a temporada nos oferece. E para quem é fã deste tipo de obras, como eu, esta primeira parte da temporada não desilude. Tive várias suspeitas de quem poderia ser o verdadeiro assassino, e mesmo assim conseguiram tirar da cartola alguém que nunca foi suspeito.
Só não gostei que tratassem os espectadores como incultos. Eu percebi que estavam a fazer um “whodunit” desde o primeiro episódio. Aposto que muitos perceberam. Escusavam de fazer tantas referências à Agatha e ao Poirot. Tirando isso, a minha constante crítica habitual a esta série: as pontas soltas. Percebo, cada vez mais, que servem para humanizar Joe. Mas até quando é que ele vai continuar a ser desleixado e escapar sem consequências? Se não for para fazerem uma super temporada final com todas as pontas soltas de regresso para se vingarem de Joe (Jenna Ortega incluída, por favor. Não se esqueçam dela agora que é mais conhecida, Netflix), nunca vão conseguir receber mais do que esta avaliação, apesar de uma óptima primeira parte de temporada.
Para a continuação, disponível daqui a um mês, só me resta esperar um embate de peso entre Joe e o seu némesis. Algo que quis muito ver na temporada anterior, e acabou por me decepcionar.